“O principal desafio passa por desburocratizar e simplificar a mobilidade elétrica em Portugal”, afirma o CEO da Powerdot

A Executive Digest falou com Luís Santiago Pinto, CEO da Powerdot, para conhecer o mercado da mobilidade elétrica em Portugal, e quais os principais desafios das empresas ao operar no setor de carregamento de veículos elétricos.

“O principal desafio passa por desburocratizar e simplificar a mobilidade elétrica em Portugal”, afirma o CEO da Powerdot

A mobilidade elétrica assume uma relevância cada vez maior na sociedade, no entanto, ainda há muitas barreiras a serem ultrapassadas para se concretizar uma verdadeira transformação na mobilidade no nosso país.

A Executive Digest falou com Luís Santiago Pinto, CEO da Powerdot, para conhecer o mercado da mobilidade elétrica em Portugal, e quais os principais desafios das empresas ao operar no setor de carregamento de veículos elétricos.

 

Qual é sua visão em relação ao mercado nacional de veículos elétricos e carregamento?

Portugal tem dado passos significativos para acelerar a transição para a mobilidade elétrica, seja sob a forma de incentivos ou de investimentos. Têm sido implementadas medidas que promovem a renovação da frota automóvel, como o incentivo ao abate de veículos com mais de 16 anos ou o programa lançado pelo Estado para a compra de veículos elétricos através do Fundo Ambiental. Temos assistido, ano após ano, a um forte crescimento de veículos elétricos no setor automóvel nacional e acreditamos que vai continuar a crescer durante os próximos anos.

No entanto, é igualmente importante que o foco também seja centrado na infraestrutura de pontos de carregamento. É necessário e urgente que o crescimento da aquisição de veículos elétricos seja igualmente acompanhado com a instalação de pontos de carregamento em todo o território nacional.

Neste sentido, o foco deverá estar na infraestrutura – em paralelo ao incentivo à compra de veículos elétricos – ao apostar no crescimento da rede de pontos de carregamento em todo o país para que a transição para a mobilidade elétrica seja real e acessível a todos, e é aqui que a Powerdot, enquanto Operador de Pontos de Carregamento (OPC), tem desempenhado o seu papel, não só em Portugal, mas também em vários países europeus.

 

Quais são os principais desafios enfrentados pela Powerdot ao operar no setor de carregamento de veículos elétricos no nosso país?

Como referido anteriormente, é imprescindível uma maior aposta na instalação de pontos de carregamento e, nesse sentido, um dos maiores desafios que nos temos deparado é a persistência de um nível considerável de burocracia em todas as etapas do processo de infraestrutura para esses pontos de carregamento.

É necessária a simplificação e eficiência deste processo que envolve comercializadores, operadores de pontos de carregamento e a entidade gestora da rede, dos quais devem ser retirados a maioria dos aspetos burocráticos. Entre a análise da futura potencial localização do ponto de carregamento até à sua efetiva instalação é necessário ultrapassar várias fases do processo que envolvem autorizações morosas; o envolvimento de inúmeras entidades; a falta de agilização dos mecanismos legais; o custo avultado envolvido em todo o processo; entre muitos outros fatores que estão a travar a mobilidade elétrica.

Neste sentido, o principal desafio passa por desburocratizar e simplificar a mobilidade elétrica em Portugal.

 

Que tipo de investimentos a empresa está a planear realizar para expandir a sua presença no mercado nacional?

Em 2023, a Powerdot consolidou a sua posição de liderança em Portugal, com mais de 1.300 pontos de carregamento em mais de 500 localizações, e tornou-se o maior Operador de Pontos de Carregamento (OPC) nacional em pontos de carregamento rápidos e ultrarrápidos, reforçando a sua posição como referência para parceiros e utilizadores.

Recentemente, a Powerdot captou um financiamento de 100 milhões de euros liderado pelos investidores Antin Infrastructure Partners e Arié Group. No âmbito deste financiamento, a Powerdot pretende investir um total de 260 milhões de euros até 2025 nos mercados onde opera, sendo que em Portugal pretendemos investir 30 milhões de euros para consolidar a nossa posição como um dos principais players no setor da mobilidade elétrica.

 

Em que consiste o conceito de destination charging e o que pretende desenvolver a Powerdot?

O Destination Charging é uma abordagem estratégica que se concentra na instalação de pontos de carregamento em locais onde os condutores passam frequentemente o seu tempo, tais como centros comerciais, supermercados, restaurantes, hotéis, ginásios e outros pontos de interesse. Esta visão não só oferece conveniência aos condutores de VE, mas também transforma a experiência de utilização destes veículos. A necessidade de alocar tempo exclusivamente para carregar o veículo desaparece, tornando o carregamento uma parte integrada da rotina diária, diminuindo a preocupação com a autonomia do veículo e eliminando a necessidade de planear meticulosamente cada viagem.

Além disso, este conceito proporciona aos condutores uma flexibilidade adicional e o fácil acesso a pontos de carregamento em destinos do dia-a-dia elimina a ansiedade relacionada à possibilidade de ficar sem bateria durante uma deslocação diária.

 

Quais são as estratégias da empresa para garantir a fiabilidade e a disponibilidade da infraestrutura de carregamento, especialmente em momentos de alta procura?

A Powerdot garante, desde o primeiro momento, o bom funcionamento dos pontos de carregamento e assume todos os custos de instalação, operação e manutenção. Dispomos de uma equipa altamente qualificada e desenvolvemos tecnologia própria para garantir a fiabilidade e a disponibilidade da infraestrutura de carregamento seja em que momento for, estamos completamente preparados para instalar os pontos de carregamento seja onde e quando for necessário e estamos totalmente comprometidos para oferecer as melhores soluções e serviços aos nossos parceiros.

 

Como é que a empresa pretende colaborar com outros stakeholders, como fabricantes de veículos elétricos, empresas de energia e governos, para promover a adoção de veículos elétricos e expandir a infraestrutura de carregamento no país?

A Powerdot já colabora com vários stakeholders do mercado e do setor da mobilidade elétrica, como por exemplo os proprietários de parques de estacionamento, em que os ajudamos a cumprir todos os requisitos e trâmites legais e oferecemos um serviço sem custos para os seus clientes através da partilha de parte da receita gerada. Neste sentido, a Powerdot está e sempre esteve disponível para colaborar com todos os stakeholders, sejam eles fabricantes de veículos elétricos, empresas de energia, entidades gestoras de redes ou governos.

O processo de colaboração poderá passar, por exemplo, por um mapeamento das necessidades de infraestrutura a nível geográfico nacional; apresentar e disponibilizar as melhores soluções tecnológicas de mobilidade; incluir ainda parcerias entre o setor público e o privado, para que todos possamos contribuir ativamente para uma sociedade e um futuro mais sustentável, sempre com o objetivo de promover a mobilidade elétrica em Portugal.

 

Qual é a visão da Powerdot para o futuro do setor de carregamento de veículos elétricos em Portugal e quais são os objetivos de longo prazo que esperam alcançar?

Como referido anteriormente, acreditamos que o mercado nacional de veículos elétricos vai continuar a crescer durante os próximos anos e que, consequentemente, é imperativa uma maior aposta na infraestrutura para um crescimento da rede de pontos de carregamento em todo o país.

Da parte da Powerdot, os nossos objetivos passam por impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias, expandir a nossa infraestrutura de carregamento e reforçar parcerias estratégicas em toda a Europa e, para atingirmos esses objetivos, estamos preparados para um crescimento sustentado e para liderar a transição para uma mobilidade elétrica mais acessível e eficiente.