Será muito provavelmente o último da marca com motor de combustão mas talvez por isso a marca tenha depositado nele todo o know-how que detém na arte de fazer bons automóveis.
Quando se fala de Lotus vem ao nosso imaginário todo um legado, seja no desporto automóvel e em concreto na Fórmula 1 mas também em automóveis do dia a dia e que sempre foram construídos para serem o mais eficientes possíveis, muitas vezes com recurso a carroçarias em fibra de vidro para baixar o peso mas também com recurso a outras marcas para o fornecimento de caixas de velocidade, motores ou mesmo instrumentação apostando depois na dinâmica de condução.
Quando me foi dado a oportunidade de ensaiar o último dos Lotus com motor a combustão foi algo para o qual arranjei certamente tempo mas sobretudo manteve-me empolgado pois queria de novo sentir as emoções que somente um Lotus proporciona.
Começando pela estética o Emira não deixa ninguém indiferente. Mais largo e maior que todos os outros na marca mas que bebeu muita inspiração da Ferrari, da Maclaren e de outros supercarros. As entradas de ar no capot dianteiro são sublimes! As cavas das rodas traseiras alargadas idem. A traseira com uma entidade luminosa horizontal e com o defletor superior e inferior que lhe garantem uma carga dinâmica útil para um comportamento eficaz em curva conferem um grau de sofisticação elevado.
Talvez este EMIRA com motor V6 3.5 l de 400 cavalos de origem Toyota (existe uma versão AMG de 4 cilindros e 360cv) tenha como concorrente direto o Porsche Cayman, marcas distintas mas ambas icónicas. Talvez a Lotus seja do ponto vista da exclusividade uma referência maior dada a globalização que o Cayman teve.
Se exteriormente o Emira deslumbra, no interior a marca pretendeu posicioná-lo no segmento mais premium, dotando-o de materiais e qualidade de construção acima do que é normal na marca, tornando-o uma viatura de utilização diária muito interessante, com bancos muito envolventes e nos permitem encaixar para encontrar a melhor posição de condução sendo que neste, como noutros Lotus os pedais estão ligeiramente descentrados para a direita. A posição de condução eficaz, a manete da caixa de velocidades manual cai no sítio certo, a embraiagem é ligeiramente mais dura que o normal e a caixa é curta e direta.
A direção é hidráulica o que permite um feeling enorme na condução. Em termos de instrumentação a marca foi buscar alguma à Volvo, nomeadamente os indicadores de mudança de direção, limpa-vidros, painel de instrumentos e ecrã central. Nada a estranhar na marca. O motor veio do parceiro habitual da Toyota, com o motor do Camry conjugado com o compressor que lhe oferece 400 cavalos que se assumem na plenitude acima das 4000/4500 rotações.
Ligo o Emira e sinto as vibrações do motor traseiro central – um som que cativa para todos aqueles que adoram esta sinfonia na exata medida em que não é exagerado e que nos demonstra a sonoridade única de um V6.
Habituamos rapidamente a “esticar” cada mudança e aquilo que notamos é um modelo muito progressivo, confortável, de uma utilização até mesmo urbana mas que adora grandes espaços mas sobretudo ser conduzido em estrada sinuosa, tal a eficácia do chassis e do seu comportamento em curva!
Como todos os supercarros e este com um valor entre os 130 e 150 mil euros tem algum espaço para bagagens atrás dos bancos traseiros e depois na mala da frente mas é sempre bom tirar as medidas para perceber que este modelo dificilmente aceita as malas tradicionais mas sim sacos ou mochilas.
Em resumo, o EMIRA tem tudo para voltar a cativar os amantes do mundo automóvel e sobretudo desta marca, sabendo que ela volta a ter representação oficial em Portugal e que este modelo foi desenhado, projetado e construído para usufruto pleno no dia a dia urbano, em estrada ou até mesmo em pista.