Há uma marca automóvel em destaque na investigação de veículos elétricos que fluem da China para a União Europeia: a Tesla. Durante a recolha de provas que precipitou o anúncio da UE de uma investigação antissubsídios aos veículos elétricos chineses, o fabricante americano estava entre as empresas que provavelmente terão beneficiado desse apoio, revelou esta terça-feira a ‘Bloomberg’.
O objetivo da investigação será determinar se, e até que ponto, a China subsidiou a Tesla e os fabricantes nacionais da indústria dos veículos elétricos – a investigação anunciada por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, tem o potencial de remodelar a dinâmica competitiva no segundo maior mercado de veículos elétricos do mundo, depois da China: embora a UE arrisque expor os seus fabricantes a potenciais retaliações, o bloco europeu é o destino de exportação mais atraente para as empresas chinesas repletas de excesso de capacidade de produção.
A Tesla começou a exportar Model 3 construídos na sua fábrica em Xangai no final de 2020, menos de um ano depois de iniciar a produção na sua primeira fábrica de automóveis no exterior: em julho de 2021, a empresa referiu-se à instalação como o seu principal centro de exportação de veículos.
Durante os primeiros sete meses de 2023, a Tesla vendeu cerca de 93,7 mil veículos fabricados na China em toda a Europa Ocidental, o que representou cerca de 47% do total das suas entregas, segundo dados da ‘Schmidt Automotive Research’: o segundo maior exportador de veículos elétricos da China para a Europa foi o MG da SAIC, com cerca de 57,5 mil registos.
A Tesla desfrutou de vantagens na China que outras empresas internacionais lutaram para obter, sendo a mais notável a bênção do Estado para possuir integralmente as suas operações domésticas, em vez de ter de partilhar com um parceiro numa joint venture local. Isenções fiscais, empréstimos baratos e outras formas de assistência ajudaram a transformar a China no mercado mais importante da Tesla fora dos Estados Unidos.
As mais diversas formas de apoio que a China disponibiliza aos fabricantes nacionais, incluindo créditos de bancos estatais, provisões de capital de fundos de investimento estatais e provisões de terrenos e eletricidade, estão agora sob o escrutínio da UE. Algumas empresas europeias, como a BMW e a Renault, que operam joint ventures com fabricantes chineses, também serão incluídas na investigação, juntamente com todas as marcas que produzem na China e exportam para a UE.
Em investigações recentes de outros setores, como as bicicletas elétricas e os cabos de fibra ótica, a UE descobriu margens de subsídio que variam entre 4% e 17%. Há preocupação na Europa de que as suas empresas tenham ficado para trás da Tesla e das empresas chinesas no que diz respeito à tecnologia de veículos eléctricos e de baterias, ameaçando a viabilidade da indústria automóvel da UE, que proporciona quase 14 milhões de empregos diretos e indiretos.