Ensaio. Renault Espace E-Tech Full Hybrid 200: De volta às memórias de adolescência

A marca apresenta-a como “o verdadeiro luxo será sempre o espaço”, mas também se refere com um “até 80% do tempo em modo elétrico na cidade” e, em termos de capacidade, com “cinco a sete lugares”

Ensaio. Renault Espace E-Tech Full Hybrid 200: De volta às memórias de adolescência

A marca apresenta-a como “o verdadeiro luxo será sempre o espaço”, mas também se refere com um “até 80% do tempo em modo elétrico na cidade” e, em termos de capacidade, com “cinco a sete lugares”

Com o meu interesse pelo mundo automóvel desde que me conheço e, com a leitura das revistas estrangeiras da especialidade, principalmente ‘L’Automobile’, ficava siderado – e a palavra é mesmo essa – pela qualidade da revista, dos artigos e da fotografia. Não que em Portugal não tivéssemos o mesmo, com a ‘Automotor’ e a ‘Turbo’. Mas era também uma forma de “eu ganhar mundo” e aprender francês – que algum jeito deu para as aulas na escola.

E porque prefiro tudo isto? Porque esta revista, sendo francesa, ainda mais ênfase dava aos produtos nacionais, no particular à Renault e ao conceito inventado pela marca do monovolume com uma enorme capacidade de espaço, com variadas inovações que demonstraram a validade do conceito de transportar – com conforto – sete pessoas, sobretudo numa época em que a sociedade estava muito vocacionada para temas como a família.

Décadas depois, o mundo automóvel evoluiu muito e o conceito também – desaparece o monovolume e as carrinhas para surgirem os SUV ou Crossover – como é o caso da Renault Espace.

E, neste novo conceito, a marca não quis perder o legado do nome – Espace – e, para isso, esteticamente este Renault manteve-o muito idêntico ao Mégane e Austral com uma frente muito elevada e direita, uma grelha de grandes dimensões com o símbolo da marca, pára-choques proeminentes e, sobretudo a perceção estética de robustez e elegância. A traseira do Espace é, por isso, mais retilínea, por forma a acomodar os dois passageiros restantes para perfazer os sete lugares.

O interior é um decalque do Mégane e Austral com uma superior qualidade dos materiais e, por isso mesmo, encontramos um modelo bem construído e com bons materiais, um painel de instrumentos totalmente digital, um ecrã central vertical, voltado para o condutor- ecrã que concentra a maior parte das funcionalidades, num ecrã onde, o software criado lhe permite ser user-friendly para o condutor, no modo como encontramos as funcionalidades que necessitamos, desde os modos de condução eco, confort, Sport e personalizado, até ao modo 4Control.

Os bancos mantêm a tradição – confortáveis, espaçosos e, aqui, em pele Vegan brancos perfurados, de belo efeito visual. O sistema de som fica a cargo da Harman Kardon, com tudo o que significa em qualidade.

O espaço interior é amplo sendo que podemos regular longitudinalmente os bancos traseiros para dar mais folga na última fila de bancos, onde se encontram os dois últimos lugares traseiros, com a Renault a criar um sistema simples e engenhoso de acessibilidade aos mesmos, ainda por cima num SUV, cuja altura ao solo é superior.

Bem instalados, é o momento de perceber como é que este modelo se comporta em estrada e, para quem já ensaiou o Mégane e Austral as diferenças são ténues, pois o conforto é o mesmo, a direção tem o peso correto e, efetua uma leitura correta da estrada, apostando na precisão, mesmo sendo elétrica.

Em termos de comportamento, o mesmo é rigoroso, sendo que, se utilizarmos o sistema 4control, a Espace torna-se ainda mais reativa na hora de enfrentar as curvas ou, as rotundas, pois o sistema de quatro rodas direcionais aumenta a eficiência do comportamento, reduz o ângulo de rotação do volante, bem como, diminui a distância entre o momento em que voltamos a direção e o efeito da reação esperada (a inserção em curva). Ou seja, com este sistema o Renault insere-se mais rapidamente numa trajetória definida. Tal sistema é fácil ser apreendido pelo condutor, numa tecnologia que, algumas marcas já estão a utilizar de uma forma consolidada.

Em resumo, num conceito inicialmente proposto pela Matra, que a Renault eternizou, hoje a Renault adaptou-se ao mercado para continuar a oferecer uma solução de sete lugares que, mantém  a maior parte das boas soluções que o monovolume tinha.

Quanto ao motor de 200 cavalos  full-hybrid ,  com dois motores elétricos, chega e sobra, mesmo com os sete ocupantes a bordo. É solicito, não é ruidoso e, de facto, faz consumos muito interessantes que já tinha tido oportunidade de constatar, tanto no Megane como no Austral, mas que, aqui, mesmo com o peso acrescido desta versão conseguimos efetuar pelo menos 800 km em estrada aberta.

O mundo automóvel mudou muito e, tanto na Renault, como em qualquer marca, cada vez mais a tecnologia comanda o veículo e, é gratificante ver o que ela tem contribuído para a segurança automóvel, seja pela oferta de facilidades ao nível da utilização a bordo ou, nos casos mais extremos, onde a cablagem deixou de existir, para tudo comunicar sem fios e, sem ligações mecânicas. Juntamente com isto, surgem outros magos, que transformam essa tecnologia em soluções práticas, como pode ser exemplo, a personalização de um ecrã central ou, a configuração de um painel de instrumentos, entre cores, gráficos e luminosidade.

Temos hoje automóveis muito mais seguros,  estradas ainda antigas e, muitas vezes mal sinalizadas e, mal construídas, na sua génese. No dia em que conseguirmos diminuir o envelhecimento do parque automóvel com modelos como a Espace, seguramente teremos números da Segurança Rodoviária bem diferentes

Preço: a partir de 48.000€