Afinal, veículos elétricos não são o futuro das cidades: há outras opções amigas do ambiente a ganhar cada vez mais peso

UE e a Califórnia (e outros estados americanos) vão proibir a venda de novos automóveis a gasolina e gasóleo até 2035, com a eliminação progressiva a começar muito mais cedo. Então, coloca-se a questão: para onde vai mudar a maioria dos condutores?

Afinal, veículos elétricos não são o futuro das cidades: há outras opções amigas do ambiente a ganhar cada vez mais peso

Imagine uma cidade do futuro: consegue ver as ruas repletas de carros elétricos, em alguns casos mesmo autónomos? Se assim for, os atuais problemas com os EV terão sido uma ‘lomba’: de facto, as vendas nos Estados Unidos desaceleraram bem abaixo da meta do Governo, a quota de EVs no mercado britânico parou de crescer e apenas 1,2% dos automóveis de passageiros europeus em 2022 funcionavam com baterias.

No entanto, é expectável que algum veículo vai substituir os carros com motor de combustão: a UE, a Califórnia (e outros estados americanos) vão proibir a venda de novos automóveis a gasolina e gasóleo até 2035, com a eliminação progressiva a começar muito mais cedo. Então, coloca-se a questão: para onde vai mudar a maioria dos condutores?

De acordo com o jornal espanhol ‘Expansión’, a aposta não está nos EVs como veículos do futuro, mas sim as bicicletas, os ciclomotores e scooters elétricos.

A maior desvantagem dos carros elétricos é o preço inicial, atualmente entre 30 e 40% superior aos dos veículos a combustão. Apesar da redução significativa, os EV emitem mais carbono durante o seu ciclo de vida do que qualquer outro meio de transporte urbano, à exceção dos carros a combustão. São uma alternativa muito válida para os moradores dos subúrbios das cidades, obrigados a percorrer diariamente longas distâncias de carro e que recuperarão o gasto financeiro ao longo do tempo. Os veículos comunitários, como autocarros e táxis, também deverão ser elétricos.

Mas, para um morador urbano, um carro elétrico não faz sentido. Muito poucos conduzem o suficiente para compensar: basta ver que a quilometragem média dos automóveis na Europa tem diminuído desde 2000. No Reino Unido, 57% dos automóveis percorrem menos de 160 quilómetros por semana, segundo dados da consultora ‘Field Dynamics’. Mesmo nos Estados Unidos, cerca de metade das viagens de carro nas cidades mais movimentadas são inferiores a 5 km.

Muitos moradores urbanos provavelmente conduzem porque têm carro. No entanto, se encontrarem forma de não pagar milhares de euros por um EV, poderão reduzir drasticamente o seu custo de vida.

Os EVs enfrentam vários outros obstáculos: as cidades estão a recuperar o espaço dos carros. Por exemplo, Paris vai realizar um referendo, no próximo dia 4, sobre uma taxa especial de estacionamento para os SUV. Depois, há o problema do carregamento. Se os residentes suburbanos que têm garagem podem instalar carregadores, a grande falta de oferta pública nas ruas das cidades não se tornou já um grande problema porque são poucas as pessoas com EVs. Por último, a maioria dos veículos elétricos são fabricados na China, o que quererá dizer que não haverá um lobby ocidental agressivo para facilitar a transição. É aliás bastante provável que os Governos ocidentais aumentem as tarifas para os bloquear.

Assim, o cálculo acaba por se tornar simples: se, em vez de um EV, comprar uma bicicleta elétrica, muito mais barata e saudável, que pode ser carregada no apartamento? A tendência poderá ser essa.
As vendas de automóveis na Europa e nos EUA atingiram o seu pico em 2019. Em 2022, foram vendidas cerca de 5,5 milhões de bicicletas elétricas na UE, número superior aos 2 milhões de carros elétricos. Para viagens curtas, muitos proprietários de automóveis têm optado por usar bicicletas para viagens curtas.

As bicicletas elétricas estão a dar um salto para o símbolo de estatuto, uma vez que a Lamborghini e a Maserati já produzem modelos de luxo e a Porsche desenvolve motores, baterias e software para bicicletas.

Além do mais, a bicicleta está a tornar-se uma norma cultural urbana. Regressando a Paris: apenas uma em cada três famílias tem carro; segundo dados da autarquia, as bicicletas viajam mais rapidamente do que os carros.

Há outras opções elétricas além da bicicleta: em todo o mundo, de acordo com a ‘Bloomberg’, existem 280 milhões de ciclomotores, scooters, motocicletas e veículos de três rodas elétricos, bem superior aos 20 milhões de veículos elétricos de passageiros.

Olhando novamente para o futuro: parece cada vez mais claro que os EV foram feitos para os subúrbios das cidades de todo o mundo e para quase nenhum outro lugar.