Comprar um carro velho, usá-lo durante alguns meses e vendê-lo a um preço mais alto?
O mercado de veículos usados tem assistido ao disparar dos preços, sobretudo após o fim do confinamento provocado pela pandemia da Covid-19. Segundo dados do último barómetro trimestral da Ganvam (Associação Nacional de Vendedores de Veículos), de Espanha, e do portal ‘Coches.com’, em 2019 o preço médio de um veículo usado fixou-se nos 13.560 euros – quatro anos depois, o estudo apontou que a média de todo o mercado de usados terminou, em 2023, nos 18.900 euros, um aumento de 39,4% face a 2019.
A subida nos preços é especialmente acentuada no caso dos automóveis mais antigos (com mais de 15 anos), que passaram de um valor médio de 2.699 euros (2019) para 4.200 euros (em 2023), mais 55,6%. Os carros mais antigos aumentaram, nos últimos dois anos, as suas vendas em 14,1%, com 781.971 vendas no último ano. Foram responsáveis por 40,3% do total de transações no mercado em segunda mão, segundo dados da associação que representa os concessionários, a ‘Faconauto’.
Os aumentos de preços foram generalizados em todo o mercado, o que se explica por um motivo fundamental: falta de stock. Para compreender esta escassez de oferta, temos de olhar para a evolução do mercado de automóveis novos, ou seja, das matrículas, que estão há quatro anos consecutivos abaixo do milhão de entregas, em Espanha.
“Deparámo-nos com um mercado de usados em que a falta de stock derivada da crise dos chips deu o tom. As empresas e locadoras, por não conseguirem renovar seus carros devido a atrasos nas entregas, retiveram os veículos da sua frota por mais tempo do que o normal devido a tensões na cadeia de abastecimento e não injetaram os seus carros na oferta do mercado de usados”, salientou Fernando Miguélez, diretor geral da ‘Ganvam’.
“Além disso, os particulares, por não possuírem o veículo novo que adquiriram, não se desfizeram do que já possuíam”, justificou Marcel Blanes, gestor institucional da ‘Coches.net’.
Depois há os carros quase novos e, neste segmento, os veículos com menos de um ano de matrícula ficaram ligeiramente mais caros, abaixo da média, mas fortemente: um aumento de 36,1% face a 2019. Ao mesmo tempo, os de um aos três anos aumentram 25,7%, de acordo com o barómetro ‘Ganvam’ e ‘Coches.com’.
Outro ator importante a ter em conta no aumento geral do preço do mercado de usados é a entrada gradual de automóveis com etiqueta ECO ou Zero, ou seja, híbridos, híbridos plug-in e veículos elétricos, que são notavelmente mais caros do que aqueles com combustão tradicional – tornou a média dos carros mais novos significativamente mais cara, passando dos 21.490 euros em 2019 para os 29.250 em 2023.
O diesel é o motor dominante nos veículos usados: 55,3% das transações em 2023 foram de veículos com motores diesel, contra 37,2% de gasolina, destacaram a ‘Ganvam’ e ‘Faconauto’.