O futuro dos automóveis é elétrico: no entanto, apesar de o caminho estar a ser traçado, há ainda diversas questões atuais sobre a segurança dos veículos elétricos (EV). Mas são válidas?
De acordo com Jingwen Hu, professor investigador de Engenharia Mecânica, na Universidade de Michigan (EUA), num artigo na publicação ‘The Conversation’, as preocupações extras com segurança são indiscutivelmente descabidas.
Os EV e os veículos de combustão interna são submetidos aos mesmos procedimentos de testes de colisão para avaliar a sua resistência a colisões e a proteção dos ocupantes. Neste testes são utilizados manequins de testes de colisão (‘crash test dummies’) que representam ocupantes de médio porte do sexo masculino e pequenos ocupantes do sexo feminino para avaliar o risco de lesões.
Nos testes é possível também avaliar o risco de incêndio causado por uma fuga térmica – quando as baterias de íons de lítio sofrem um aquecimento rápido e incontrolável – em baterias de EV ou fugas em tanques de combustível de veículos de combustão interna.
Nenhum dos testes de colisão de EV do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), nos Estados Unidos, provocou qualquer incêndio. Os relatórios de testes de colisão do Programa de Avaliação de Novos Carros produzem resultados comparáveis. O que permite uma conclusão: embora a análise de dados do mundo real sobre incêndios em EV seja limitada, parece que o escrutínio dos media e das redes sociais sobre o risco de incêndio em VE é desproporcional.
O que se destaca na segurança dos EV é que os resultados dos testes de colisão, os dados de lesões no terreno e as reclamações de lesões revelaram que os EV são superiores aos seus homólogos de combustão interna na proteção dos seus ocupantes.
Esta vantagem do EV resume-se a uma mistura de física e tecnologias de ponta.
Graças às suas robustas baterias posicionadas na base do carro, os EV tendem a transportar consideravelmente mais peso e a desfrutar de centros de gravidade mais baixos do que os veículos convencionais. Essa configuração reduz drasticamente a probabilidade de acidentes de capotamento, que apresentam alto índice de mortalidade. Além disso, a dinâmica do acidente determina que, numa colisão entre dois veículos, o mais pesado detém uma vantagem distinta porque não abranda tão abruptamente, um fator fortemente ligado aos riscos de lesões dos ocupantes.
Do lado da tecnologia, a maioria dos EV representa modelos mais recentes equipados com sistemas de segurança de última geração, desde materiais avançados de absorção de energia até sistemas de prevenção de colisões de última geração e configurações atualizadas de cintos de segurança e airbags. Esses recursos reforçam coletivamente a proteção dos ocupantes.
Onde os riscos aumentam
Infelizmente, os EV também apresentam numerosos desafios de segurança.
Embora o peso inerente dos EV ofereça uma vantagem natural na proteção dos ocupantes, também significa que outros veículos suportam o fardo de absorver mais energia em colisões com EV mais pesados. Este dilema é central para o conceito de “compatibilidade com colisões”, um campo bem estabelecido da pesquisa em segurança.
Imagine o cenário: um pequeno sedan colide com um pesado. Os ocupantes do carro ligeiro enfrentam sempre maiores riscos de lesões. Os estudos de ‘compatibilidade de colisões’ medem a agressividade do veículo pelo nível de danos infligidos a outros veículos: os modelos mais pesados são quase sempre considerados mais agressivos.
Além disso, o aumento da energia associado aos impactos de EV mais pesados, especialmente pick-ups elétricas, representa desafios significativos para os rails das estradas. Além disso, os EV – especialmente aqueles que operam silenciosamente a baixas velocidades – representam riscos acrescidos para os peões, ciclistas e outras pessoas que podem não ouvir a aproximação do veículo.