Escândalo de segurança atinge marcas automóveis japonesas: Toyota interrompe vendas de três modelos

Toyota terá apresentado dados incorretos durante os testes de segurança de peões para três modelos atuais – o Corolla Fielder, o Corolla Axio e o Yaris Cross – e usou veículos de teste modificados durante os testes de segurança de colisão para quatro modelos anteriores

Escândalo de segurança atinge marcas automóveis japonesas: Toyota interrompe vendas de três modelos

O Japão suspende a entrega e vendas de seis veículos atualmente em circulação, incluindo três fabricados pela Toyota Motor, devido a um escândalo de segurança que envolve alguns dos principais fabricantes de automóveis do mundo.

A Toyota terá apresentado dados incorretos durante os testes de segurança de peões para três modelos atuais – o Corolla Fielder, o Corolla Axio e o Yaris Cross – e usou veículos de teste modificados durante os testes de segurança de colisão para quatro modelos anteriores, incluindo o Crown, acusa, esta segunda-feira, o Ministério dos Transportes japonês, que indicou que a Toyota é uma das cinco marcas automóveis, que falsificaram ou manipularam dados de segurança ao solicitar a certificação, relata a publicação ‘Bloomberg’.

“Negligenciámos o processo de certificação e produzimos em massa os nossos carros sem primeiro tomarmos as devidas medidas de precaução”, reconhece o presidente da Toyota, Akio Toyoda. De acordo com a marca japonesa, esta interrupção vai afetar duas linhas de montagem responsáveis pela produção de 130 mil unidades por ano – a maior marca automóvel do mundo fabricou e vendeu mais de 11 milhões de veículos de passageiros em 2023.

Também a Mazda reconheceu que fabricou os resultados dos testes e adulterou as unidades usadas para testes de colisão em cinco modelos, incluindo o Mazda2 e o roadster RF – foram identificadas irregularidades em mais de 150 mil unidades que a marca produziu desde 2014 para o mercado japonês.

“Suportaremos os custos incorridos aos fornecedores devido às interrupções nas remessas”, salienta o presidente-executivo da Mazda, Masahiro Moro, acrescentando que a empresa fará esforços para evitar que os lapsos se repitam – a paralisação provavelmente afetará 3.500 pedidos e a marca não está a considerar recalls neste momento.

De acordo com Moro, os problemas de dados devem-se às interpretações erradas dos funcionários sobre manuais de procedimentos pouco claros, e não a um “encobrimento organizacional” ou “falsificação maliciosa”.

As descobertas sinalizam uma profunda crise de confiança para as marcas japonesas: no início deste ano, o Ministério dos Transportes ordenou que quase 90 fabricantes reexaminassem os seus procedimentos de teste depois de terem sido descobertas décadas de fraude em duas afiliadas da Toyota.

Em dezembro último, uma investigação interna da Daihatsu Motor mostrou que a maioria de seus veículos não havia sido devidamente testada quanto à segurança contra colisões. As últimas investigações surgem na sequência de uma série de escândalos envolvendo empresas como a Nissan Motor, Mazda e Suzuki que remontam a mais de uma década, incluindo falsificação de emissões e dados de economia de combustível.

Das 68 investigações já concluídas, o ministério também encontrou irregularidades em quatro outros fabricantes: Honda, Mazda, Yamaha Motor e Suzuki, ordenando que as cinco marcas suspendessem as remessas de todos os veículos com certificações defeituosas.

A investigação do ministério está em andamento e, das 17 empresas ainda sob investigação, a Toyota é a única onde foram descobertos problemas.