Consumo real dos carros é 20% superior ao oficial, denuncia UE: problema agrava-se nos SUV e veículos de luxo

Realidade foi agora ratificada pela Comissão Europeia, que apresentou recentemente o primeiro relatório sobre a aplicação do controlo das emissões de CO2 dos veículos 'no mundo real'

Consumo real dos carros é 20% superior ao oficial, denuncia UE: problema agrava-se nos SUV e veículos de luxo

Na prática, todos os condutores têm a consciência de que o consumo do seu carro é superior ao indicado na ficha técnica do veículo, algo que pode ser atribuído a vários fatores, como o tipo de condução, o tipo de estrada ou mesmo as condições meteorológicas.

Ora, essa realidade foi agora ratificada pela Comissão Europeia, que apresentou recentemente o primeiro relatório sobre a aplicação do controlo das emissões de CO2 dos veículos ‘no mundo real’: para o estudo participaram diversas entidades do setor, que entregaram os dados OBFCM (medidor de consumo de combustível de bordo) recolhidos.

De acordo com o relatório, o consumo real de combustível dos veículos é um quinto a mais, ou seja, 20% superior ao apresentado nos documentos oficiais de homologação.

O relatório explica também que a diferença média observada entre as emissões reais de CO2 e o consumo de combustível e a reportada nos documentos oficiais dos veículos novos matriculados em 2021 na União Europeia foi de 23,7% (34,6 g de CO2/km), no caso dos veículos a gasolina; e 18,1% (27,8 g de CO2/km) no caso dos veículos diesel.

Por seu turno, nos veículos híbridos plug-in matriculados em 2021, as emissões reais de CO2 foram, em média, 3,5 vezes (100 g CO2/km) superiores às oficiais, o que, para a Comissão Europeia, confirma que “estes automóveis não estão atualmente a concretizar o seu potencial, especialmente porque não são carregados e conduzidos totalmente elétricos com a frequência que deveriam”, o que se pode dever-se à falta de infraestruturas de carregamento adequadas.

A UE destaca ainda a “grande diferença” no caso dos veículos mais pesados, como os SUV e os automóveis de luxo, cujas emissões já são “significativamente superiores” às dos outros automóveis; uma diferença que “poderá agravar os efeitos das tendências observadas na frota automóvel, em que a dimensão e o peso médio dos veículos aumentaram, reduzindo os efeitos das melhorias na eficiência de combustível”.

O Regulamento (UE) 2019/631 incumbiu a Comissão Europeia de monitorizar as emissões reais de CO2 dos veículos em circulação, utilizando os dados lidos pelos dispositivos OBFCM, e comparando-os com os correspondentes dados oficiais fornecidos na homologação do veículo (WLTP).

Este relatório é o primeiro sobre a aplicação deste controlo das emissões reais de CO2 e centra-se nos dados reportados em 2022, para veículos matriculados pela primeira vez em 2021. Inclui dados reais de 988.124 veículos, o que representa 10,6% dos automóveis de passageiros e 1,0% das carrinhas registadas pela primeira vez em 2021 na Europa.

O relatório conclui que “embora estes dados iniciais ainda não sejam suficientemente abrangentes ou representativos para tirar conclusões firmes, fornecem informações preliminares valiosas sobre as emissões dos automóveis, em termos de como as emissões de CO2 da homologação oficial se comparam e as reais entre os diferentes tipos de veículos e fabricantes”.