Desta vez, nada melhor do que não ler antecipadamente o press release da marca e receber o BYD do importador da marca. E, a primeira perceção que tenho ao abrir as portas é que as mesmas seguem o conceito germânico de robustez e bater sólido.
Nesse preciso momento deparo-me com o interior, do qual esteticamente me surpreendo, tal a perceção de qualidade mas também a beleza do desenho. Podia ser somente dos bancos em pele em cor castanha, com as costuras em amarelo torrado, com as laterais do banco forradas a cor negra ou pela suposta – que se confirmou – ergonomia dos mesmos e bom apoio lateral. Mas, de facto sentado ao volante sinto (já não é só perceção) uma qualidade geral do produto que apraz registar; o tablier todo ele robusto em plástico mole, a que se adiciona nalguns locais a alcântara, situação que se repete nas laterais das portas.
A consola central com o seu grande apoio de braços permite-nos viajar confortavelmente. Os vários botões estrategicamente colocados, seja para a seleção do modo de condução, para alguns sistemas de segurança do Tang, fazem sentido, para quem não os quer colocados no ecrã central.
À minha frente encontro o volante e o sistema avançado de assistência à direção inteligente introduzido pelo Smart Connectivity Center da BYD – a Dipilot.
O painel de instrumentos totalmente digital indica uma autonomia declarada de 400 quilómetros – fiz mais de 300kms – e, no centro do ecrã central com cerca de 12 polegadas encontro um software intuitivo e prático que inclui o sistema de purificação do ar, onde é possível selecionar os bancos ventilados ou aquecidos, por exemplo.
Diria que a BYD fez muito bem o seu trabalho de casa, ao perceber o que o cliente deste segmento pretende e oferecer isso mesmo: se retirássemos o símbolo da marca do volante, teríamos certamente dificuldade em identificar qual o modelo germânico prermium que estávamos a conduzir.
Espaço interior à frente e atrás de bom nível. Afinal os bancos são mesmo confortáveis, com um bom apoio lateral e até mesmo o extensor de pernas ajuda.
Com isto tudo ainda não me deu para ver o Tang por fora mas é altura de o ensaiar em estrada. Encontrada a posição de condução mais correta, as primeiras notas vão para o modelo, que se conduz como todos os automóveis mas onde se sente que houve o cuidado no prazer de condução, no conforto, principalmente em pisos mais degradados, mas também no comportamento, com uma direção que, mesmo no modo mais leve, nos dá uma boa leitura da estrada.
A posição de condução é elevada mas o Tang também o é, sendo que, em nenhum momento, se sente que o centro de gravidade entre em conflito com o comportamento.
É certo que esta versão tem tudo e mais alguma coisa (parece o anúncio da Worten): pele, camurça sintética, plásticos moles, teto de abrir, bancos estilizados e perfurados, uma insonorização cuidada; uma travagem correta.
Se o interior cativa e os sete lugares ajudam a transportar famílias numerosas, este Tang possui também as baterias blade (sim, as mesmas que até a Tesla e outra marcas já vêm buscar à BYD) – com maior densidade, mais seguras e mais eficazes que as tradicionais – uma vez mais demonstrativo do potencial desta marca.
São apenas “517cv” que não o tornam um desportivo, até porque possui 2500kg para transportar. O preço deste modelo e versão é de €72.500.
Finalmente, o seu exterior: o Tang tem um visual apelativo, com uma dianteira pautada pela enorme grelha com “favos de mel” e uma assinatura luminosa, esguia, em Led. A traseira segue a mesma tendência de assinatura luminosa o que confere a todo o conjunto um aspeto robusto, onde sentimos que se trata de um veículo grande mas que, na prática, e em condução de estrada, ou na cidade, não assusta, nas várias manobras que temos de efetuar.
Em resumo, a BYD vem para o mercado com um objetivo importante: fazer o mesmo que a Hyundai e a Kia fizeram há uns anos – conseguir ganhar quota de mercado rapidamente – pois o produto apresentado tem de facto qualidade, mas também inovação suficiente, para ser diferenciador no mercado.