A Volkswagen, principal construtor automóvel europeu, declarou hoje que rejeita os direitos aduaneiros adicionais impostos pela União Europeia (UE) às importações de veículos elétricos chineses, considerando que são “prejudiciais”.
A Comissão Europeia anunciou que “impôs direitos de compensação provisórios sobre as importações” destes automóveis, nove meses depois do início de uma investigação aos subsídios estatais de veículos elétricos por parte da China.
Os direitos compensatórios são um tipo de tributação cobrada sobre bens importados para compensar os subsídios concedidos aos produtores desses bens no país exportador, e serão aplicados a partir de sexta-feira, dia 05 de julho.
“Os efeitos negativos desta decisão superam os possíveis benefícios para a indústria automóvel europeia e, em particular, para a Alemanha”, declarou o grupo, numa altura em que os construtores automóveis alemães, que exportam para a China, receiam represálias de Pequim.
Estes direitos aduaneiros adicionais, até 38% segundo as marcas, devem proteger a indústria automóvel europeia, que teme que as suas fábricas desapareçam se não conseguir conter a vaga anunciada de modelos chineses.
“Os direitos compensatórios geralmente não são adequados para fortalecer a competitividade a longo prazo da indústria automóvel europeia e rejeitamo-los”, acrescentou a Volkswagen.
O grupo alemão considerou também que o momento foi particularmente mal escolhido, tendo em conta a “fraqueza atual na procura de veículos elétricos na Alemanha e na Europa. Esse abrandamento do mercado pode ser agravado por um aumento das tarifas de viaturas importadas”.
Por seu lado, a BMW indicou em comunicado que a introdução destas sobretaxas leva a “um impasse” e “viola gravemente o princípio do comércio livre”.
A Alemanha, a Suécia e a Hungria tentaram evitar a imposição de sanções muito duras, depois da investigação aberta em setembro passado pela Comissão Europeia às subvenções do Governo chinês ao setor dos veículos elétricos.
Os construtores alemães, que têm a China como principal mercado, têm mais a perder numa guerra comercial com Pequim.
O executivo europeu tem agora quatro meses para decidir a imposição de direitos definitivos, o que abre a porta a um diálogo com a China.