A GM ajudará a moldar o futuro dos automóveis

A General Motors acaba de revelar o seu novo e enorme edifício de design, que já está a mudar como a fabricante concebe os automóveis

A GM ajudará a moldar o futuro dos automóveis

Por: Nate Berg, Fast Company

Localizada no campus do Centro Técnico da GM, em Detroit, a infra-estrutura de 33 mil metros quadrados expande a capacidade para até 1500 designers, com grande parte da área dedicada às 44 fábricas onde modelos de carros em tamanho real são esculpidos e formados em argila. Em conjunto com o antigo edifício de design, com mais de 20 mil metros quadrados, a GM tem agora aquilo a que chama a maior unidade de design automóvel do mundo.
O edifício faz parte de uma actualização de mil milhões de euros do campus do Centro Técnico, inaugurado em 1956 e celebrado como um ícone da arquitectura modernista e do design da era espacial. Inscrito no Registo Nacional de Lugares Históricos e nomeado um Marco Histórico Nacional, o campus foi concebido pelo arquitecto Eero Saarinen, que colocou muitos dos mais elegantes elementos de design do campus nas instalações de design originais, incluindo o seu Design Dome (Cúpula de Design).

Um campus para o design automóvel
O novo edifício, denominado Design West, é um homólogo gigantesco, mas baixo, do edifício de design existente. Envolve a brilhante cúpula metálica, situando-se ao lado do antigo edifício no que era anteriormente um parque de estacionamento de superfície. Projectado pelo SmithGroup, o novo edifício não ofusca o antigo, pelo menos do lado de fora. No interior, é uma fábrica de design cheia de luz, com uma parede de janelas ao longo dos grandes espaços abertos onde os carros são esculpidos. No interior do edifício, as secretárias dos designers encontram-se sob a saliência de um mezanino, que alberga vários gabinetes, salas de conferências e espaços de trabalho com vistas desimpedidas para o piso de design. Cerca de 700 pessoas trabalham actualmente na unidade.
O edifício comprido inaugura uma nova fase na abordagem da GM ao design, segundo Michael Simcoe, vice-presidente sénior de design global da GM. Os espaços de design do antigo edifício eram maioritariamente compartimentados, com cada marca a manter-se sozinha e muitas portas de acesso de segurança entre elas para evitar a espionagem corporativa. O novo edifício acaba com as separações, e o piso de design aberto permite e até encoraja as muitas marcas distintas da GM a manterem-se atentas aos trabalhos em curso umas das outras e, idealmente, a aprenderem com eles.

Ao percorrer o enorme edifício numa visita recente, vi escultores a esculpir modelos de barro à escala de potenciais automóveis. Uma designer, segurando um controlo remoto na mão, inclina-se a cerca de um centímetro do barro para ver a cabeça de uma fresadora robótica de cinco eixos cortar uma fina camada da superfície. Perto dali, equipas de designers agrupam-se à volta de grandes ecrãs para comparar elementos de design em curso. Mais além, anéis hexagonais de estações de trabalho estão cheios de modelos digitais de tudo, de pára-lamas a ecrãs de tabliê e volantes.
Michael Simcoe afirma que as novas instalações colocam estes designers em contacto próximo entre si e com os próprios modelos de automóveis, permitindo uma noção mais tangível do que estão a desenhar. Ao longo dos três lados do edifício que circundam o Design Dome, paredes de vidro inundam o piso de design com luz. «Isto é assustadoramente aberto para um ambiente seguro», nota.

A necessidade de luz
As janelas eram uma parte fundamental do projecto de Saarinen para o antigo edifício, e inundavam os seus estúdios de design com luz do dia. Isso era essencial para os desenhos à mão em que se baseavam os projectos de automóveis, mas actualmente a maioria do trabalho de design é feito em ecrãs de computador. Nesses estúdios mais antigos, que ainda são utilizados activamente, foram construídas cavernas improvisadas de placas de espuma à volta dos monitores dos computadores para bloquear a luz.
Isso não é um problema no novo edifício. Com uma área de implantação mais profunda, o Design West coloca o trabalho dos computadores mais longe do sol e deixa entrar o máximo de luz natural possível nos espaços onde os escultores e designers utilizam os moinhos robóticos e as ferramentas manuais para aperfeiçoarem as formas dos automóveis. Painéis de luz LED programáveis cobrem todo o tecto sobre os moinhos de modelação e podem criar diferentes condições de iluminação para que os designers avaliem as curvas dos seus modelos.
Michael Simcoe afirma que não houve nenhuma discussão sobre a reserva de tanto espaço para modelos físicos, mesmo numa altura em que muitos aspectos dos automóveis podem ser concebidos em ambientes digitais ou mesmo virtuais. «A liderança, até ao topo, reconhece a importância da interacção física com os modelos», explica.

Isto inclui o simples acto de ver um automóvel à luz natural do sol. Há muito que designers e executivos usam um pátio junto ao Design Dome para ver os automóveis em plena luz do dia, mas era muitas vezes um processo complicado levar os modelos dos estúdios do antigo edifício de design até lá. «Podia demorar até 35 minutos para tirar um carro de um dos estúdios subterrâneos. Saía-se de um estúdio e entrava-se no pátio», observa Mike McBride, director-executivo das operações globais de design da GM. O novo edifício envolve este pátio sendo adicionados pontos de acesso simples ao estilo de uma garagem em todo o edifício. «Agora basta passar por uma porta.»

Dar forma a uma sede de design
Outros espaços mais formais são também uma parte importante do novo edifício, incluindo uma sala de conferências de canto privilegiada para a direcção da GM e uma sala de apresentações executivas que inclui um ecrã curvo de 17 metros de comprimento composto por 76 milhões de pixels. Os corredores em todo o edifício são suficientemente grandes para passar um carro e muitas salas de apresentação têm portas de correr do tamanho de uma garagem, incluindo a sala da direcção, que tem espaço suficiente para apresentar um carro novo.
As equipas internas estiveram intimamente envolvidas no projecto, incluindo designers industriais que criaram uma decoração inspirada em Saarinen para rodear os compartimentos dos elevadores. Uma família de três gerações de carpinteiros da GM criou uma parede canelada especial na extremidade do edifício, ao longo de uma estrada principal que dá acesso ao campus. À noite, tem um brilho em tom de mel que atrai o olhar.

Há arte exposta em todo o edifício, incluindo muitas peças criadas pelo pessoal que pratica várias formas artísticas fora do trabalho. Também estão expostas partes da história do design da GM, como uma das pás originais da hélice de madeira de oito metros de comprimento usada no primeiro túnel de vento aerodinâmico da empresa, que está pendurada numa parte de um corredor de 300 metros que percorre todo o comprimento do edifício.
Outros espaços são mais apelativos do ponto de vista tradicional. A entrada principal formal do novo edifício recorda a elegância de meados do século do átrio de Saarinen. (Embora a sua famosa escadaria suportada por cabos não possa ser reproduzida devido aos códigos de construção modernos.) Todos os carros da GM, do modelo do ano 1956 até 2024, foram projectados nesse antigo edifício, que tem uma forte reputação dentro da empresa. Um longo túnel de serviço e pedonal que liga o edifício antigo ao novo está decorado com dezenas de painéis pintados com as cores dos automóveis produzidos em cada ano no edifício antigo, em ordem cronológica.

Mas o novo espaço é uma mudança bem-vinda. Michael Simcoe constata que, para além de um espaço maior, a concepção do edifício permite uma maior interacção e colaboração entre os designers e o envolvimento de mais pessoas. Acredita que a abertura do edifício é uma protecção contra futuras mudanças tecnológicas, permitindo uma adaptação mais flexível do que a que era possível nos antigos espaços de estúdio construídos para desenhar à mão. A leveza e a abertura também permitem que mais pessoas vejam os projectos que anteriormente estariam fechados, dando mais oportunidades para a crítica e a melhoria do design. «Parece muito benevolente», refere Michael Simcoe, «mas é tudo uma questão de controlo.»