Os engarrafamentos são o pão de cada dia de quem vive nas grandes cidades: depois de mais de um ano ‘em sofrimento’ a cada entrada e saída do trabalho, chegou a altura de gozar umas férias merecidas – no entanto, até aqui é impossível evitar trânsito, quando conduz para o seu destino de descanso. Mas, para piorar a situação, certamente já se deve ter dado conta: por que razão escolhemos sempre a via de trânsito mais lenta? Mas, por que é que isso acontece? A resposta encontra-se literalmente… na matemática.
Primeiro ponto: não. Num engarrafamento não nos movemos a passo mais lento do quem está na faixa do lado. A verdade, relata o jornal espanhol ‘La Vanguardia’, esta sensação é produto do cansaço, do stress e da frustração de nada se poder fazer para reverter a situação. No trânsito, todos os carros movem-se a velocidades semelhantes, mas, independentemente da faixa que escolher, passará mais tempo a observar ser ultrapassado do que a ultrapassar – dessa forma, é justo dizer que os outros condutores vão partilhar consigo a mesma sensação.
Segundo ponto: a matemática. Vamos supor que existem faixas A e B numa autoestrada, com igual número de troços laranja e azuis. As zonas laranja seriam os troços em que os carros se movem mais rapidamente e as azuis em que se movem mais lentamente. Nos troços laranja, os automóveis viajariam a 60 km/h e demorariam um minuto a percorrer. Enquanto isso, nas azuis, os veículos circulam a 6 km/h e demoram 10 minutos a atravessá-las. Assim sendo, todos os condutores passarão mais tempo a conduzir devagar (20 minutos) do que a ultrapassar os que estão na faixa ao lado (2 minutos).
Já em 1968, o matemático alemão Dietrich Braess verificou que, na maioria dos casos, os engarrafamentos se devem à tendência dos condutores para escolherem de forma egoísta o percurso mais conveniente para chegarem ao seu destino no menor tempo possível. Mudar abruptamente para a faixa do lado, quando assumimos que iremos mais depressa nela, só causará mais atrasos. Na verdade, o ziguezague é uma prática que, para além de ser inútil, é insegura.
Por último, o não respeito da distância de segurança é também um dos motivos pelos quais este efeit ocorre, normalmente, nos engarrafamentos – diz a teoria que qualquer coisa que provoque travagens ou manobras bruscas afeta sucessivamente os carros que circulam atrás, até chegar a um ponto em que o veículo deve parar completamente. No atraso resultante, quanto mais atrás o condutor estiver na fila, mais tempo levará a retomar a condução.