Tesla e BYD vão liderar o setor automóvel até 2026, apontam especialistas: lucros podem ‘disparar’ quase 100%

O mercado de veículos elétricos atravessa uma crise, ainda que dificilmente seja negável que mais cedo ou mais tarde estes automóveis sejam um denominador comum na sociedade

Tesla e BYD vão liderar o setor automóvel até 2026, apontam especialistas: lucros podem ‘disparar’ quase 100%

O mercado de veículos elétricos atravessa uma crise, ainda que dificilmente seja negável que mais cedo ou mais tarde estes automóveis sejam um denominador comum na sociedade. No entanto, atualmente, recorda a publicação ‘El Economista’, o consumidor médio continue a optar com carros a gasolina ou diesel, a Agência Internacional de Energia (AIE) espera que um em cada dois carros vendidos em 2035 seja elétrico.

E, embora não vivam uma boa fase, este panorama beneficia gigantes como a Tesla ou a BYD, que, aliás, apresentam, para os especialistas, as maiores perspetivas de crescimento dos lucros no triénio entre as principais empresas do mundo do setor automobilístico. Os analistas esperam um crescimento do lucro no período de três anos de 94% e 53%, respetivamente.

O preço dos carros e dos stocks têm sido uma dor de cabeça para a empresa liderada por Elon Musk. No primeiro trimestre deste ano, a Tesla sofreu a maior queda de receitas em 12 anos, o que obrigou a promessas de modelos mais baratos até 2025. Já as contas do segundo trimestre também não refletiram sinais de melhoria e os números ficaram abaixo das principais estimativas dos especialistas – tudo somado e junto, os analistas, de acordo com a ‘FactSet’, avançaram que a empresa automóvel sofrerá o pior ano em lucro líquido desde 2021, com cerca de 7 mil milhões de euros.

Mas, com um mercado de EV que deverá recuperar nos próximos anos, uma vez ultrapassada a queda de 2024, as projeções são encorajadoras para a Tesla e depois dos benefícios deste ano, estes voltarão a aumentar e apenas neste triénio passarão para quase o dobro – especificamente, os analistas preveem que até 2026 o lucro líquido será superior a 13,6 mil milhões de euros, com um valor histórico de receitas superior a 99 mil milhões e entregas de 1.795 mil milhões de euros.

Para os analistas, o verdadeiro catalisador da empresa, segundo Thomas Monteiro, analista sénior do ‘Investing.com’, está na tecnologia que a Tesla está a desenvolver e que, por isso, faz com que seja incluída num dos ‘Sete Magníficos’: “A verdadeira história para os investidores está na frente tecnológica, com o robô humanoide e o robotáxi a desenvolver-se a um ritmo emocionante. Ambos, especialmente quando combinados, têm o potencial de se tornarem verdadeiros revolucionários nas margens de investimento da empresa e o tipo de vendas que os acionistas da Tesla esperam”, salientou.

No entanto, há especialistas que apontam para a capacidade de armazenar energia da Tesla. Do banco de investimento ‘William Blair’, o analista Jed Dorsheimer acredita que a Tesla criou “um ecossistema estilo Apple para o futuro de como criamos, armazenamos e usamos energia com muito mais valor social”. Um ecossistema que, explicou, vai desde hardware Tesla (presente em carros, robotáxis e robôs) que funciona com software próprio da empresa presente em residências, serviços públicos e empresas. É, de facto, esta parte mais tecnológica do negócio da Tesla que faz com que o multiplicador de lucros dispare acima de 91 vezes em 2024.

Por enquanto, antes de assumir a tecnologia de grandes empresas, a Tesla deve encerrar a batalha com a BYD. A marca chinesa está a conseguir fabricar modelos elétricos a preços mais acessíveis e, além disso, conta com o apoio do Governo chinês, que desenvolveu uma política de subsídios à indústria do país. A notável expansão da marca não só em todo o território chinês, mas em todo o mundo, pressionando não só o setor dos EV, mas também de todo o setor automóvel.

Apesar das tarifas da UE e dos EUA, a nível operacional, a expansão da empresa não pode ser travada e, mesmo no meio da tempestade que atravessam os EV, as previsões dos especialistas sugerem que a empresa chinesa alcançará lucros líquidos históricos neste mesmo ano, de 4.500 milhões de euros, um valor que crescerá para perto dos 7 mila milhões de euros em 2026, o que significa um aumento dos lucros em mais de 50% num período de três anos. Tudo isto também com receitas recorde que ultrapassarão os 100 mil milhões de euros em 2026.

“Esperamos que as entregas globais da BYD (incluindo a China) atinjam 6 milhões de unidades em 2026, cerca de 1,5 milhões nos mercados estrangeiros e o restante no mercado interno”, salientou a ‘JP Morgan’. Do banco de investimento acrescentaram que “apesar do aumento das tarifas na UE, acreditamos que a BYD tentará competir fora da China mais em conteúdo ou produto do que em preço”.

Contudo, o ‘bolo’ não se divide apenas nestes dois gigantes: em regra, as marcas automóveis vão assistir a lucros mais crescentes: neste triénio, as estimativas dos especialistas sugerem que o aumento dos lucros será superior a 30% para a Porsche, que passará de lucros de pouco mais de 4,1 mil milhões em 2024 para mais de 5,4 mil milhões em 2026. Por seu lado, os analistas esperamos que o lucro da Renault e da Volkswagen cresça 25% e os aumentos da Ferrari e da Stellantis também sejam de dois dígitos (19% e 10%, respetivamente). Espera-se apenas uma contração do lucro da BMW.