Marca perde vendas de “500 mil automóveis, o equivalente a duas fábricas”: Volkswagen defende planos de fecho na Alemanha

A procura na Europa não recuperou desde a pandemia da Covid-19, com as entregas de automóveis em toda a indústria cerca de 2 milhões abaixo do seu pico, salientou o diretor financeiro, Arno Antlitz, numa reunião de funcionários em Wolfsburgo, que apuparam o responsável, mas também o CEO Oliver Blume quando subiram ao palco

Marca perde vendas de “500 mil automóveis, o equivalente a duas fábricas”: Volkswagen defende planos de fecho na Alemanha

A Volkswagen defendeu esta quarta-feira os seus planos sem precedentes de fecho de fábricas na Alemanha, sublinhando que a queda nas vendas de automóveis deixou a marca automóvel com cerca de duas fábricas a mais.

A procura na Europa não recuperou desde a pandemia da Covid-19, com as entregas de automóveis em toda a indústria cerca de 2 milhões abaixo do seu pico, salientou o diretor financeiro, Arno Antlitz, numa reunião de funcionários em Wolfsburgo, que apuparam o responsável, mas também o CEO Oliver Blume quando subiram ao palco.

A Volkswagen perdeu vendas de cerca de “500 mil automóveis, o equivalente a cerca de duas fábricas”, garantiu Antlitz. “Precisamos de aumentar a produtividade e reduzir custos.”

Recorde-se que a maior fabricante automóvel da Europa disse esta semana que está a avaliar se vai fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez e terminar acordos de segurança no emprego, depois de anos a ignorar o excesso de capacidade e a queda da competitividade. A medida estabelece um confronto com sindicatos poderosos enquanto a indústria mais importante do país luta pelo seu futuro.

Blume, um gestor conhecido pelos seus laços estreitos com a família bilionária proprietária da Porsche-Piech, disse estar determinado a implementar medidas “apropriadas” para se tornar mais rentável. “A situação atual na marca VW afeta-nos emocionalmente a todos, incluindo a mim pessoalmente”, disse Blume, um veterano da VW que começou como estagiário em 1994. “Venho da região, trabalho no grupo há 30 anos e prometo trazer toda a minha experiência para a VW”, já afirmou o responsável.

O principal alvo da VW é a sua marca homónima de automóveis de passageiros, com baixo desempenho, cujas margens de lucro estão a ficar reduzidas devido à transição instável para EV (veículos elétricos) e de um abrandamento nos gastos de consumidores – os fabricantes europeus também lutam para competir com a Tesla e os novos ‘players’ da China.

Esta quarta-feira, mais de 20 mil trabalhadores participaram na reunião na principal fábrica da Volkswagen em Wolfsburgo, muitos com cartazes onde se podia ler “nós somos Volkswagen, tu não és”.

Daniela Cavallo, principal representante dos funcionários da VW e membro do conselho de supervisão, afirmou na reunião que irá lutar contra qualquer encerramento de fábricas, acrescentando que os trabalhadores não devem sofrer por erros de gestão, incluindo o fraco desempenho da VW nos EUA.

Embora a marca ainda necessite de realizar 3 mil milhões de euros em poupanças de custos para alcançar um programa de eficiência de 10 mil milhões de euros acordado no ano passado, as despesas laborais representam apenas uma fração dessa lacuna, garantiu. “A Volkswagen não está doente por causa das suas instalações alemãs e dos custos de pessoal alemães”, referiu. “O problema da Volkswagen é que o conselho de administração não está a fazer o seu trabalho.”

A Volkswagen fabricou no ano passado cerca de 9 milhões de veículos, em comparação com uma capacidade total de 14 milhões. Segundo Antlitz, a empresa deve trabalhar em conjunto para tornar a marca homónima novamente competitiva e garantir que pode oferecer carros de qualidade a preços acessíveis. “Ainda temos um ano, talvez dois, para mudar as coisas”, disse o CFO. “Mas temos de aproveitar esse tempo.”

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