Taxa máxima de álcool na estrada em 0,2 g/l e penas de “4 anos sem carta”: ACP propõe mudanças ao Código da Estrada

Responsável do ACP destacou ainda que as penas em Portugal "são extremamente leves no que diz respeito ao álcool e deviam ser mais pesadas". "Devia haver uma cassação da carta de condução durante um período de tempo muito maior do que aquele que está instituído hoje em dia", apontou

Taxa máxima de álcool na estrada em 0,2 g/l e penas de “4 anos sem carta”: ACP propõe mudanças ao Código da Estrada

O Automóvel Club de Portugal (ACP) propôs a diminuição para 0,2 gramas por litro o limite máximo da taxa de álcool nas estradas, à semelhança do que deverá acontecer em Espanha. No entanto, de acordo com Carlos Barbosa, presidente do clube, a ideia não ganhou adeptos uma que tem prevalecido o argumento de que Portugal é um país produtor de vinho e como tal não acolherá medidas mais limitadoras ao seu consumo.

No entanto, o responsável defende outra visão: “as pessoas que querem beber não guiam e as pessoas que querem guiar não bebem”.

De acordo com um estudo da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), em junho último, citado pelo jornal ‘Público’, 25% de todas as mortes nas estradas europeias estão relacionadas com o consumo de álcool – segundo dados do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, 75% dos condutores autopsiados tinham uma taxa crime no sangue, acima de 1,2 g/l.

Carlos Barbosa defendeu a mudança. “Sou 100% a favor que seja reduzida a taxa de álcool, porque infelizmente, em Portugal, há imensas mortes e desastres a envolver pessoas com taxa de alcoolemia muito grande”, explicou, em entrevista, salientando que já está provado “que uma taxa de 0,5 gramas por litro de sangue já provoca alguma leviandade na estrada, portanto reduzir para 0,2 gramas por litro, como ponderam em Espanha, seria uma excelente medida”.

O responsável do ACP destacou ainda que as penas em Portugal “são extremamente leves no que diz respeito ao álcool e deviam ser mais pesadas”. “Devia haver uma cassação da carta de condução durante um período de tempo muito maior do que aquele que está instituído hoje em dia”, apontou.

“Defendo que, se uma pessoa fosse apanhada acima do limite máximo permitido, devia ficar, por exemplo, três ou quatro anos sem carta. Ou seja, durante um período de tempo em que houvesse um impacto real. E não é ir três ou quatro vezes às sessões da prevenção rodoviária, porque isso não basta: é ir durante um ano a essas sessões, todos os fins de semana, porque a partir daí as pessoas já se lembrariam de que não podiam tornar a beber se forem conduzir”, indicou Carlos Barbosa.

Então, porque não avançam as medidas propostas? “Há uma grande desculpa em Portugal, que é o argumento de que somos um país vinícola, produtor de vinho, e que não podíamos nem devíamos ter medidas desta natureza”, apontou o líder do ACP. “Mas quem conduz tem de perceber que não pode ir para a estrada com álcool. É que não só se mata a ele próprio, como mata os outros.”