Quem disse que os motores de combustão estão em declínio?
A Porsche patenteou um novo tipo de motor nos Estados Unidos. Será o complemento que precisa para o “e-combustível” renovável que produz experimentalmente na América do Sul?
Muitos fabricantes automóveis abandonaram o desenvolvimento dos motores de combustão, mas a marca premium alemã recebeu recentemente aprovação da patente que depositaram nos Estados Unidos no início deste ano: assim, em vez de partirem de uma página em branco – e colocarem em dúvida a possível validade do seu novo concept-, optaram pelo tradicional motor a quatro tempos, ao qual acrescentaram dois tempos adicionais.
Quase todos os carros atualmente à venda com motores de combustão possuem motores de 4 tempos: admissão, compressão, combustão e escapamento. A fase de admissão é o que permite a entrada do combustível e do ar no cilindro, enquanto na compressão, o pistão leva essa mistura para a parte superior do cilindro, para então gerar ignição na combustão e exaustão, como etapa final, é quando o gás restante é expelido do cilindro.
Uma segunda combustão
Os dois novos tempos são intercalados antes que sejam expelidos os gases de escape do motor Antes disso, voltam a comprimir os gases queimados para que sofram uma segunda explosão e assim completar a sua combustão – então aí, após estes dois novos tempos, os gases de escape são libertados.
Os documentos fornecidos pela Porsche descrevem especificamente que os seis tempos individuais podem ser divididos em duas sequências de três tempos, com etapas adicionais a ocorrer entre a combustão tradicional e o curso de escape. Ou seja, a primeira sequência seria admissão-compressão-combustão, enquanto a segunda seria compressão-combustão-escape.
O que se pretende é que se possa extrair do combustível, queimado duas vezes, o máximo de energia e potência – além do mais, a combustão completa permite que os gases se combinem e soltem menos gases poluentes.
Se conceptualmente parece fácil, a Porsche também conseguiu uma execução física do motor relativamente simples. Ao clássico conjunto pistão-biela-cambota, acrescentou uma engrenagem excêntrica que obriga o pistão a percorrer três distâncias diferentes de ida e volta em cada ciclo de trabalho, composto por estes seis tempos.
Como resultado, é também um motor com uma taxa de compressão variável, podendo até variar através de uma transmissão adicional, como também pode ser encontrado nos motores Nissan e-Power.
O motor Porsche tem uma característica única: incorpora também as saídas de escape no cilindro características dos motores a 2 tempos e como tal conseguiria elevada potência. Da sua relação de compressão variável poderia obter uma redução de consumo: e ao queimar a mistura duas vezes conseguir-se-ia um nível reduzido de emissões poluentes.
A partir de 2035, só poderão ser vendidos na União Europeia apenas os automóveis sem emissões poluentes ou com motores de combustão com zero emissões líquidas de CO2. Será este o motor que receberá os e-fuels que a Porsche está a investigar na América do Sul para cumprir esta exigência? Tudo indica que sim, ou não haveria necessidade de patentear a invenção, a não ser que esperem uma trajetória longa para os motores de combustão.
Não se sabe qual o futuro modelo da Porsche que poderá integrar a referida tecnologia, nem sequer é certo que a marca alemã o coloque em produção, mas pode-se certamente ver grandes esforços para manter o motor de combustão em vigor durante muito tempo.