Tarifas da UE sobre carros elétricos chineses devem acelerar fecho de fábricas na Europa, alerta CEO da Stellantis

Carlos Tavares indicou que as tarifas vão pressionar os fabricantes chineses a construir instalações na Europa, agravando os problemas de excesso de capacidade

Tarifas da UE sobre carros elétricos chineses devem acelerar fecho de fábricas na Europa, alerta CEO da Stellantis

As novas tarifas da União Europeia sobre os EV chineses vão acelerar o fecho de fábricas na Europa por parte dos fabricantes automóveis locais, porque vão pressionar os fabricantes chineses a construir instalações na Europa, agravando os problemas de excesso de capacidade, garantiu o CEO da Stellantis, Carlos Tavares.

De acordo com o gestor português, numa intervenção no Salão Automóvel de Paris, as tarifas são uma “boa ferramenta de comunicação”, mas têm efeitos colaterais. “Isto aumenta o excesso de capacidade do sistema industrial da Europa. A forma de evitar as taxas alfandegárias é construir na Europa”, acrescentou. “Está a acelerar a necessidade de fechar fábricas.”

No início deste mês, os Estados-membros da UE apoiaram as taxas de importação de EV fabricados na China, de até 45%, destinadas a contrariar o que a Comissão Europeia diz serem subsídios injustos de Pequim aos fabricantes de automóveis chineses. Pequim nega a concorrência desleal e ameaçou com contramedidas.

Carlos Tavares mencionou o caso da gigante chinesa BYD, que está a construir a sua primeira fábrica de montagem europeia na Hungria. “Os fabricantes de automóveis chineses não irão à Alemanha, a França ou Itália para construir os seus carros, porque aí teriam desvantagens de custos, a começar pelos custos de energia”, referiu.

Recorde-se que a vice-presidente executiva da BYD, Stella Li, criticou as tarifas, mas disse que planeia fabricar localmente quase todos os carros que vende na Europa. A BYD planeia produzir componentes na Europa e montar baterias nas suas fábricas europeias na Hungria e na Turquia, importando apenas a célula da bateria da China, sustentou a responsável.

A BYD frisou ainda que está a decidir se vai passar o custo das tarifas – 17% para a BYD para além de uma tarifa existente de 10% – para os consumidores ou absorver o impacto, acrescentou Li.

Os Governos europeus, incluindo Itália, estão a tentar atrair os fabricantes de automóveis asiáticos, à medida que as empresas intensificam a sua presença comercial na região. O fabrico de automóveis na Europa permitir-lhes-ia, sob certas condições, evitar que os impostos sobre os EV fossem introduzidos pela União Europeia.

As novas tarifas da UE sobre os EV fabricados na China variam entre 7,8% para a Tesla, o que é baixo porque a empresa recebe poucos subsídios do Governo chinês, até 35,3% para fabricantes de automóveis como a SAIC, proprietária da MG – quando a tarifa existente de 10% aplicada às importações na UE for incluída, as taxas atingirão os 45%.