O custo ambiental das viagens em jatos privados aumentou nos últimos anos, chamando cada vez mais a atenção dos investigadores e dos defensores do clima. De acordo com um novo estudo, as emissões de carbono deste modo de transporte dispararam 46% entre 2019 e 2024, alimentadas principalmente pela dependência dos milionários da aviação privada.
Cair de jato privado numa conferência da ONU sobre o clima…
O relatório, que resulta de uma colaboração entre investigadores da Suécia, Dinamarca e Alemanha, revela que as emissões dos jatos privados atingem o seu pico na altura de eventos de grande visibilidade, como o Mundial de Futebol, o Festival de Cinema de Cannes e reuniões centradas no clima, como algumas conferências da ONU.
Os meses de verão em toda a Europa também registam um aumento significativo de voos privados, especialmente para locais costeiros de luxo como Ibiza e Nice, frequentemente associados a viagens de fim de semana.
Embora os jatos privados estejam inegavelmente associados ao estatuto e à exclusividade, são também o método de transporte aéreo com maior consumo de energia. Só em 2023, estes jatos contribuíram com 15,6 milhões de toneladas de emissões de CO2, um forte contraste com o setor da aviação comercial, muito maior, mas relativamente menos intensivo.
Para colocar em perspetiva, a aviação privada foi responsável por menos de 2% de todas as emissões de voos comerciais, mas serviu uma fração minúscula da população global – apenas cerca de 256 mil indivíduos, ou apenas 0,003% dos adultos em todo o mundo.
O estudo baseou-se em dados de cerca de 18,7 milhões de voos privados seguidos a nível mundial nos últimos quatro anos, revelando que quase metade destas viagens percorreram distâncias inferiores a 500 quilómetros. Em muitos casos, os jatos privados foram utilizados como alternativa aos automóveis, escolhidos sobretudo por conveniência ou poupança de tempo.
Além disso, um número significativo de voos operou sem passageiros, muitas vezes reposicionando-se para ir buscar clientes ou completar entregas.
Jatos privados são especialmente predominantes nos Estados Unidos
Nos EUA encontram-se dois terços da frota mundial de jatos privados. O passageiro médio deste setor tem um património líquido estimado em 123 milhões de dólares, o que sublinha a natureza ultra-exclusiva da aviação privada. A popularidade do setor continua a aumentar em sincronia com eventos de grande visibilidade, como o Super Bowl, para onde convergem centenas de voos privados.
Futuramente, prevê-se que a aviação privada expanda, com a atual frota de aproximadamente 26 mil jatos a aumentar um terço na próxima década. Esta trajetória de crescimento poderá agravar ainda mais as emissões do setor, a menos que sejam introduzidas regulamentações mais rigorosas.
Embora o combustível de aviação sustentável (SAF, originalmente) seja frequentemente mencionado como uma possível solução, a sua adoção no setor da aviação privada tem sido limitada e a maioria dos proprietários de aeronaves privadas não se comprometeu a utilizá-lo num futuro próximo.
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