Já há mais de 100 mil carros 100% elétricos a circular nas estradas portuguesas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE): segundo o ‘Jornal de Negócios’, Portugal tem registado um crescimento em contraciclo com o resto dos países europeus – e de forma menos expressiva face a anos anteriores – e a ACAP salientou que dentro de três anos é possível superar os 200 mil veículos.
“Pela primeira vez registou-se um decréscimo simultâneo em veículos a gasóleo e a gasolina (-1,0% e -1,2%, respetivamente) enquanto os veículos 100% elétricos registaram o maior aumento (+65,4%) e ultrapassaram as 100 mil unidades em circulação”, referem as Estatísticas dos Transportes e Comunicações de 2023 publicadas pelo INE.
“É um segmento que tem vindo a registar fortes crescimentos”, salientou Helder Pedro, secretário-geral da ACAP. “Até 2023 tivemos crescimento de três dígitos nas vendas de carros elétricos, aumentos de 120%, 110%. Este ano, e ao contrário do que se está a verificar em grande parte dos mercados da Europa, as vendas crescem, mas com menor fulgor.”
Em 2024, já foram colocados no mercado cerca de 32,5 mil veículos elétricos, o que vai colocar o total em Portugal em mais de 130 mil carros, um crescimento de cerca de 15% face ao igual período do ano passado.
Os 100% elétricos representam “cerca de 18% das vendas no acumulado do ano”, explicou Helder Pedro. “Podia ser mais positivo”, mas é um resultado “positivo comparado com Espanha e Itália”. “Estamos em sexto lugar na comparação europeia”, salientou, sublinhando que a Dinamarca lidera em termos de peso dos elétricos no total de vendas de veículos novos com 60%. “Há um objetivo da União Europeia de que estes veículos representem 25% do total”, lembrou.
“Acredito que teremos 200 mil em três anos”, apontou, lembrando que há mais oferta no mercado. Há cada vez “mais marcas com mais modelos 100% elétricos”, disse. “Em 2020 havia cerca de 50 modelos, hoje há 320”, ou seja, seis vezes mais, sobretudo devido às marcas chinesas. “Trazem mais oferta ao mercado. Gradualmente essas marcas estão a vender mais.”
Para sustentar o crescimento elétrico, são necessários alguns ‘ingredientes’, salientou Helder Pedro, que defendeu que é necessário “haver uma rede de carregamento que acabe com a ansiedade” dos condutores, mas também incentivos financeiros à aquisição destes veículos. “O setor público tem de incentivar a compra de carros elétricos”, avisou, indicando que programa de incentivos à mobilidade elétrica em vigor tem “um valor adequado, mas é preciso abranger mais carros. Em vez de 1.000 devia ser para 10.000”.