Lotus cancela plano para carros exclusivamente elétricos devido à baixa procura

Lotus cancela plano para carros exclusivamente elétricos devido à baixa procura

É mais uma marca histórica a colocar um travão nos planos rumo à eletrificação total. A Lotus anunciou que vai fazer uma pausa no projeto de só produzir veículos elétricos até 2030. A razão? O mercado não está a responder.

Elétricos estão com dificuldades em “arrancar”?

A Lotus, uma das marcas mais emblemáticas do mundo automóvel, anunciou a suspensão dos seus planos para se tornar uma marca exclusivamente elétrica, citando a baixa procura como principal razão para esta decisão.

Este anúncio marca uma reavaliação estratégica significativa para o fabricante britânico, que nos últimos anos tem apostado fortemente na eletrificação como parte do seu futuro.

Nos últimos anos, a Lotus anunciou planos ambiciosos para se tornar uma marca 100% elétrica até 2030. Este objetivo estava alinhado com as tendências globais no setor automóvel e com as regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas, especialmente na Europa e na China, onde a marca tem uma presença significativa.

O primeiro passo desta transição foi o lançamento do Lotus Evija, um hipercarro totalmente elétrico com 2.000 cavalos de potência, projetado para competir com modelos como o Tesla Roadster e o Rimac Nevera. O Evija simbolizava a visão futurista da Lotus: desempenho extremo, design inovador e sustentabilidade.

Posteriormente, a marca lançou o Lotus Eletre, um SUV elétrico de luxo, marcando a entrada da empresa num segmento competitivo e lucrativo.

Apesar deste início promissor, a Lotus começou a enfrentar desafios, incluindo elevados custos de produção, uma base de clientes tradicionalmente apegada a motores de combustão interna e, mais recentemente, uma baixa procura geral por veículos elétricos nos mercados em que a marca opera.

Desafios complicados

Embora as vendas de automóveis elétricos estejam a crescer globalmente, o ritmo varia significativamente entre mercados e segmentos. Marcas como Tesla e BYD têm dominado o mercado de massa, enquanto fabricantes de nicho, como a Lotus, enfrentam dificuldades para atrair um público suficiente que justifique os elevados custos de desenvolvimento e produção. E quais são as principais dificuldades?

  1. Preço elevado: os modelos elétricos da Lotus, como o Evija e o Eletre, são posicionados no segmento de luxo, com preços que ultrapassam as possibilidades de muitos consumidores, mesmo no mercado premium.
  2. Preferências tradicionais dos clientes: a base de fãs da Lotus é composta, em grande parte, por entusiastas de automóveis desportivos que valorizam a condução envolvente proporcionada pelos motores a combustão interna. A transição para motores elétricos, embora eficiente, não conseguiu conquistar este grupo.
  3. Infraestrutura limitada: a infraestrutura de carregamento em mercados chave, como os Estados Unidos e partes da Europa, ainda não é suficiente para suportar a adoção em massa de veículos elétricos, desencorajando potenciais compradores.
  4. Concorrência intensa: marcas como Porsche, Ferrari e Lamborghini também estão a entrar no mercado elétrico com modelos híbridos ou 100% elétricos, oferecendo uma concorrência feroz.

Mudança de estratégia

Face a estas dificuldades, a Lotus anunciou que irá reavaliar a sua estratégia de eletrificação. Embora continue a investir em veículos elétricos como parte da sua linha, a marca decidiu não abandonar completamente os motores a combustão interna, pelo menos no curto prazo.

A nova abordagem da Lotus pode incluir uma combinação de veículos elétricos e híbridos, mantendo os motores a combustão para alguns modelos desportivos icónicos.

Este movimento permitirá à marca manter a sua base de clientes tradicional, enquanto expande gradualmente a sua oferta de veículos elétricos para um público mais amplo.

Além disso, a marca continuará a beneficiar do apoio do seu proprietário, o grupo chinês Geely, que também detém participações em marcas como Volvo e Polestar. Este suporte poderá ajudar a Lotus a desenvolver tecnologias híbridas e elétricas mais acessíveis e atrativas para o mercado.