Está a pensar comprar um carro usado? Saiba como identificar se o veículo já sofreu danos graves no passado

Segundo estatísticas da 'carVertical', empresa de dados sobre automóveis, este ano, até à data, 36,68% de todos os veículos verificados na plataforma em Portugal já tinham sofrido algum tipo de estrago

Está a pensar comprar um carro usado? Saiba como identificar se o veículo já sofreu danos graves no passado

Embora seja normal que os automóveis sofram acidentes de viação ligeiros ou até mais graves, um veículo gravemente danificado pode ser perigoso de conduzir. E mesmo que tenha sido reparado, alguns defeitos podem só aparecer passado algum tempo. Os veículos com danos graves são menos atrativos no mercado de veículos em segunda mão e, por isso, os vendedores desonestos tentam muitas vezes dissimular a ocorrência do acidente.

Segundo estatísticas da ‘carVertical’, empresa de dados sobre automóveis, este ano, até à data, 36,68% de todos os veículos verificados na plataforma em Portugal já tinham sofrido algum tipo de estrago. Nem todos os defeitos influenciam o comportamento e a segurança do veículo, pelo que os especialistas da empresa realizaram um estudo para apurar as probabilidades de se comprar um veículo com danos graves.

Pode não valer a pena reparar um automóvel gravemente danificado

O estudo da ‘carVertical’ revelou que 2,2% de todos os automóveis danificados que foram verificados em Portugal entre 2020 e 2024 já tinham sofrido um acidente de viação grave. Por “acidente de viação grave” entende-se um evento em que os danos resultantes representam mais de metade do valor do veículo. Se metade do valor de um carro de classe económica pode chegar aos 10.000 euros, os danos de um carro de luxo gravemente danificado podem atingir as dezenas de milhares de euros.

Em Portugal, 85,3% de todos os automóveis assinalados como tendo registos de danos na ‘carVertical’ tinham danos no valor de 20% ou menos do valor do automóvel. Embora a probabilidade de comprar um automóvel com danos graves não seja elevada, a compra de um veículo deste tipo pode levar a problemas futuros bastante sérios. Quando os defeitos finalmente se revelam, pode nem valer a pena reparar o veículo.

“Muitas vezes, quando um veículo é danificado, o condutor opta por receber o pagamento do seguro, fazer uma reparação barata, e depois vendê-lo. Infelizmente, este tipo de veículo pode implicar gastos significativos para o novo proprietário. Importa também salientar que pode não ser seguro conduzi-lo”, afirma Matas Buzelis, especialista automóvel da ‘carVertical’.

Como identificar um veículo gravemente danificado

Mesmo que um veículo tenha sofrido um acidente e tenha ficado gravemente danificado, isso não significa necessariamente que deva ser enviado para a sucata. Se o veículo for devidamente reparado numa oficina autorizada pode voltar a ser conduzido. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente para determinar se vale a pena reparar o veículo.

Um dos sinais mais visíveis de danos é o desgaste irregular dos pneus. Convém também verificar se o automóvel circula em linha reta e se puxa para um dos lados, através de um test drive. Durante a condução, deve-se ainda desligar a música e ouvir se existem ruídos invulgares provenientes do motor ou da suspensão.

Além disso, também é importante consultar o relatório histórico do veículo na plataforma na ‘carVertical’. As informações contidas no relatório revelam o que foi danificado e a extensão dos estragos.

O relatório histórico também pode servir como valiosa ferramenta de negociação, que permite aos compradores apresentar o historial de danos do carro aos vendedores e negociar melhores preços. Nalguns casos, os veículos sofreram os acidentes há muitos anos, tendo mudado de proprietário várias vezes, pelo que nem todos os vendedores conhecem o historial completo dos seus próprios veículos.

“O relatório histórico do automóvel permite determinar os componentes do veículo que foram danificados e o custo previsto da reparação. Essa informação pode ser partilhada com uma oficina para que os mecânicos inspecionem atentamente a qualidade de reparação dos componentes”, explicou Buzelis.

Veículos importados representam maior risco

Os veículos importados do estrangeiro para Portugal acarretam riscos adicionais. Muitas vezes, são trazidos para o país depois de terem sofrido acidentes graves, sendo depois reparados a baixo preço e vendidos como se não tivessem defeitos.

A Alemanha é o maior mercado de exportação de automóveis da Europa, transportando veículos para todo o continente. De acordo com os dados da ‘carVertical’, 5,2% dos veículos danificados na Alemanha tinham danos superiores a 50% do seu valor, o que indica que 1 em cada 20 carros pode ser problemático para o novo proprietário. Na Suécia, a proporção destes veículos é de 2,5%, em Itália de 4,8%, e em Espanha de 2,5%.
Na Alemanha, 71,7% dos veículos com registo de danos tinham sofrido danos iguais ou inferiores a 20% do seu valor, Suécia (83,5%), Itália (79,5%), e Espanha (85,6%).

Embora os veículos com danos ligeiros representem a maioria, os números reais podem ser diferentes porque os vendedores desonestos tentam dissimular a ocorrência dos acidentes.