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Em meados de 2023, a Mercedes-Benz começou a vender na China a sua linha de carros elétricos EQE em quatro versões, com preços que começavam a partir dos 486 mil yuan (cerca de 64 mil euros). No entanto, o comportamento do maior mercado automóvel do mundo alterou as suas preferências e colocou o produto ‘Made in China’ no topo dos gostos, colocando em ‘xeque’ às marcas ocidentais.
Na China, as vendas dos modelos EQ não atenderam às expectativas do fabricante alemão e, segundo o ‘CN EV Post’, “a Mercedes-Benz nunca entrou no ranking de vendas de veículos de passageiros de veículos de nova energia (NEV) da Associação Chinesa”, mesmo quando, a partir de final de 2022, a marca de Estugarda tenha reduzido drasticamente os preços do EQE e do EQS para aumentar a procura – mas não foi suficiente, pelo menos no mercado chinês.
De acordo com os dados recolhidos pela ‘Forococheselectricos’, citados pela publicação espanhola ‘El Economista’, “as vendas do Mercedes EQE na China conseguiram atingir o pico de 921 unidades alcançado no mês de janeiro de 2023. Os registos do EQE têm oscilado entre 100 e 200 unidades por mês, conseguindo acumular em 2023 um total de 2.424 unidades registadas na China. Mas 2024 está a ser muito mais difícil para os grupos alemães. Houve um colapso total do EQE, que fez com que nos primeiros nove meses do ano mal registasse 264 unidades. Ainda mais surpreendente é que em outubro passado a Mercedes não conseguiu registar uma única unidade do EQE em toda a China.”
Mercedes sold 0 EQE in October in China despite almost 50% discounts. pic.twitter.com/aB0NLB3Rc7
— AJ (@alojoh) November 29, 2024
O facto de a Mercedes-Benz ter vendido quase zero unidades do elétrico EQE na China em outubro último, apesar de oferecer descontos de quase 50%, reflete as perspetivas sombrias para os fabricantes europeus no gigante asiático e o feroz cenário competitivo.
Nesta linha, o mercado automóvel chinês adotou rapidamente veículos elétricos (VE), com marcas locais como BYD e NIO não só a conquistar uma quota de mercado significativa, mas também estabelecendo padrões de referência em tecnologia, design e rentabilidade.
Por esta razão, as marcas de luxo ocidentais, como a Mercedes-Benz, têm cada vez mais dificuldade em competir, especialmente no segmento elétrico premium. O EQE, posicionado como concorrente direto do Tesla Model S e de outros elétricos de última geração, parece não ter conseguido atrair os consumidores chineses, mesmo com reduções substanciais de preços.
A razão da preferência ‘Made in China’
Segundo o portal ‘autospies’, há vários fatores que contribuem para isso: em primeiro lugar, o tradicional apelo de luxo da marca pode não se traduzir tão eficazmente quando se trata de EV, onde a inovação, a tecnologia e as características específicas da marca são muitas vezes priorizadas em detrimento da tradição. Em segundo lugar, os descontos, embora significativos, podem não abordar questões subjacentes, como as preferências de design, onde os consumidores chineses podem preferir veículos mais elegantes e de aspeto mais inovador, ou a falta de características que ressoem com os gostos locais. Além disso, as estratégias de logística e marketing podem não ter sido otimizadas para a dinâmica única do mercado chinês.
Para a Mercedes-Benz, esta situação exige uma reavaliação estratégica, não só em termos de preços, mas também na forma de posicionar os seus veículos elétricos neste cenário competitivo em evolução.