
O ACP (Automóvel Club de Portugal) apresentou, esta terça-feira, o estudo “Mobilidade Elétrica em Portugal”, que revelou que o ‘efeito veículo elétrico’ está a diminuir no país.
Entre os inquiridos do novo estudo, os carros elétricos são maioritariamente conduzidos por mulheres, na faixa etária entre os 35 e os 44 anos ou pela faixa de 75 ou mais anos e de classe social alta, sendo nas Ilhas a maior penetração destes automóveis. Um retrato divergente do verificado há dois anos, quando existia uma maior penetração de veículos elétricos nos homens, os mais velhos, da região Centro e de classe alta.
Os veículos 100% elétricos ainda têm pouco impacto em Portugal, onde a sua penetração corresponde a 3,5%, o que equivale a uma subida de 1,3% face a 2023, ano em que o Observatório ACP lançou o estudo pioneiro sobre o tema. Mas 51% – mais 9% do que em 2023 – admite ser pouco ou nada provável a compra de um carro elétrico, em virtude do preço, autonomia e demora no carregamento.
As principais conclusões do mais recente estudo, obtido através de entrevistas a mais de 1.550 pessoas, espelham um adensar da incerteza dos consumidores nesta tipologia de veículos comparativamente ao verificado em 2023, que não será alheio à atual conjuntura económica e política mundial.
Das pessoas sem carro elétrico que participaram no estudo, a maioria (57%) assume que é atualmente mais barato circular com um veículo elétrico do que a combustão, mas apenas 30% admitem a possibilidade de comprar um carro elétrico.
O Observatório do Automóvel Club de Portugal é um centro de estudo e debate de temas como a mobilidade, a segurança rodoviária, e outros temas relacionados com a utilização da via pública. Do Conselho Consultivo, fazem parte todas as entidades representativas do setor.
Maioria carrega o carro em casa
Entre os entrevistados que possuem carro elétrico, 69% faz entre um e três carregamentos semanais, 67% efetua em média mais de 400 quilómetros por mês e 60% faz viagens médias ou curtas (até 60 quilómetros), sendo pouco frequentes as viagens superiores a 90 quilómetros. Relativamente aos carregamentos, a grande maioria (86%) carrega o veículo em casa, mas para 27% dos inquiridos encontrar um posto de carregamento disponível é uma tarefa difícil, principalmente nas pequenas cidades e vilas e nas áreas rurais.
Preço desmotiva opção
Para os entrevistados sem carro elétrico, a autonomia superior a 400km era motivo para se sentirem mais confortáveis com esta opção de motorização. Para metade destes portugueses (51%) é possível comprar um carro elétrico entre 20.000€ e 40.000€, mas 49% aponta um teto máximo de 30.000€ para assumir a probabilidade de compra. Na possibilidade de compra de um carro elétrico, quase metade optaria por uma marca tradicional (48%, subida de 2pp), enquanto 16% optavam por uma nova marca de carros elétricos (descida de 8pp).
Face a 2023, desce 6pp os que assumem dificuldade em encontrar locais para carregar automóveis elétricos (37%), assim como os que dizem ser difícil carregar automóveis elétricos em casa (35%).
Sumário executivo “Mobilidade Elétrica em Portugal 2025”
Segundo o estudo, na escolha de um carro novo, mais de metade dos 1.554 entrevistados apontou que optaria por um automóvel com sistema de propulsão com componente elétrica, o que representa uma descida de dois pontos percentuais face a 2023 – já quando questionados sobre a possibilidade de o próximo carro ser elétrico pela preocupação com ambiente ou economia, 45% (menos 10 pp face a 2023) dos inquiridos admitiu a possibilidade. Já 51% (mais 9 pp) sublinhou que é ‘pouco ou nada’ provável a compra de um carro elétrico, sendo que o preço, a autonomia e a demora nos carregamentos como os principais entraves.
Em Portugal, apontou a pesquisa, existem, em média, dois automóveis por agregado familiar, sendo que as marcas francesas e alemãs estão no topo das preferências dos portugueses: Renault (10%), Peugeot (9%) e Mercedez-Benz (8%) completam o top 3. Já aproximadamente 2 em cada 5 automóveis tem entre 14 e 5 anos (43%), verificando-se uma subida de 7pp de automóveis novos (22% com automóveis com 4 ou menos anos).
Os veículos elétricos, destacou o ACP, ainda têm pouco impacto no parque automóvel português (Diesel/Gasóleo + Gasolina representam 65% do total.
A esmagadora maioria dos inquiridos não possui um carro elétrico (96,5%, descida de 1,3pp face a 2023). Mas, na possibilidade de compra de um carro elétrico, quase metade optaria por uma marca tradicional (48%, subida de 2pp), enquanto 16% optavam por uma nova marca de carros elétricos (descida de 8pp). Tesla mantém-se como a marca de carros elétricos preferida (13%, descida de 8pp).
Os que já possuem um carro elétrico representaram apenas 3,5% dos inquiridos (subida de 1,3pp face a 2023), sendo que a BMW e Tesla (ambos com 11%) são as marcas no topo das preferências dos portugueses. Face a 2023, a Toyota é a marca que mais sobe (5pp).
A grande maioria tem os carros elétricos há menos de 5 anos (82%) e efetua, em média, mais de 400 quilómetros por mês com o EV (67%), faz viagens médias ou curtas (60% até 60km, subida de 7pp), sendo pouco frequentes as viagens superiores a 90km.
A maioria faz entre um e três carregamentos semanais (69%, subida de 4pp) e face a 2023 verifica-se um aumento nos gastos por carregamento em casa e no valor mensal: 29% gastam mais de 7€ por carregamento em casa (subida de 6pp) e 54% gastam mais 50€ por mês em carregamentos (subida de 12pp).
O estudo apontou que a grande maioria carrega o veículo em casa (86%) com uma frequência semanal (49%). Quase metade (44%) utiliza os postos públicos pelo menos uma vez por mês – por último, a maioria não carrega o veiculo no trabalho.
Na escolha do local para carregar os seus EV, os condutores optam em primeiro pelo Preço mais baixo (69%, menos 6pp face a 2023), localização (65%, menos 2pp face a 2023) e carregadores rápidos (+ potência) (59%, mais 5pp face a 2023).
Encontrar um posto de carregamento disponível é para 27% uma tarefa difícil. Maior dificuldade em encontrar um posto de carregamento nas pequenas cidades e vilas (49%, descida de 6pp face a 2023) e nas áreas rurais (46%, descida de 3pp face a 2023). O Alentejo é a zona considerada mais difícil para encontrar postos de carregamento (28%, subida de 3pp). 16% afirmam nunca ter sentido dificuldades em nenhuma zona dos país.