A tendência no mercado automóvel na última década tem sido clara. Colocar o máximo de ecrãs possível no carro. A Tesla foi a grande culpada por iniciar esta tendência, com um design minimalista baseado num ecrã central. Agora, o mercado pode dar uma volta de 180 graus, e muitos fabricantes terão de modificar os seus novos modelos.
Penalizados os modelos com ecrãs que controlam as funções básicas
O Euro NCAP confirmou que, a partir de 1 de janeiro de 2026, os automóveis que utilizem controlos por toque para funções básicas serão penalizados durante os testes de segurança.
Os novos veículos terão de oferecer o controlo físico tradicional, pelo menos nas funções básicas. A medida já tinha sido anunciada no ano passado, mas agora foi confirmado que entrará em vigor em janeiro de 2026.
De forma clara, as funções que devem ter controlo físico são as seguintes: indicadores de mudança de direção, luzes de emergência, buzina, limpa-para-brisas e o sistema de chamada de emergência eCall.
Durante os testes de segurança, o Euro NCAP irá garantir que estas funções têm um controlo físico disponível. Se não o tiver, afetará a pontuação final de segurança, o que significa que o modelo não receberá cinco estrelas Euro NCAP.
É importante realçar que o Euro NCAP é um programa de avaliação voluntário e não tem poder para obrigar os fabricantes a fazer o que quer que seja. Ainda assim, tem sido a referência há décadas para milhões de consumidores que procuram a máxima segurança nos seus novos carros.
As marcas costumam fazer modificações para garantir cinco estrelas e utilizá-las nas suas campanhas promocionais.
A Tesla levou ao exagero e o mercado “foi atrás”
Por outro lado, não se espera que a nova medida afete muitos modelos. A mais afetada poderá ser a Tesla. Nas últimas revisões dos seus carros mais populares, como o Model 3, começou a retirar as manetes dos piscas, substituindo-as por comandos sensíveis ao toque no volante.
Em teoria, os futuros modelos da Tesla poderão não receber cinco estrelas do Euro NCAP se continuarem a utilizar este sistema.
Inicialmente, parecia que os consumidores estavam satisfeitos com os ecrãs tácteis nos automóveis, pela sua estética, modernidade e pelas possibilidades de utilização de aplicações como o Google Maps ou o Android Auto no automóvel.
O tempo provou que aqueles que ainda preferiam os botões tinham razão. Aos poucos, os condutores percebem que ter um ecrã para tudo não é tão interessante como parece.
Chega o fim dos ecrãs tácteis como tendência de controlo total
Embora a medida afete inicialmente apenas funções muito básicas que já são controlos físicos na maioria dos carros, espera-se que seja estendida a outros controlos.
Para o diretor de desenvolvimento tecnológico da Euro NCAP, “o uso excessivo de ecrãs tácteis é um problema em toda a indústria”, embora alguns fabricantes já tenham anunciado o abandono desta tecnologia.
De facto poderá ser um fim anunciado desta tendência de ter os ecrãs tácteis a controlar “quase tudo” num veículo.