“Confiam cegamente no GPS”: morte de quatro jovens em Espanha abre debate sobre papel das aplicações na condução

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“Confiam cegamente no GPS”: morte de quatro jovens em Espanha abre debate sobre papel das aplicações na condução

O GPS que guiou os quatro jovens de Madrid que perderam a vida, na semana passada, no porto de Lunada (Cantábria), levantou questões sobre a eficiência destes dispositivos no país vizinho.

Os quatro jovens – na casa dos 20 anos – foram passar o fim de semana a uma casa de campo: no Audi A3, viriam a cair de uma estrada sem barreiras de proteção que, quando neva, costuma ficar fechada ao trânsito. No entanto, no momento do acidente, já estava a nevar, embora a estrada estivesse ainda aberta, e foi recomendada pelo GPS. De acordo com os moradores do município de Soba, um todo-o-terreno também caiu numa ladeira próxima em 2022.

O papel do GPS foi por isso colocado em causa. De acordo com a Direção Geral de Trânsito (DGT) do país vizinho, “é comum que muitas pessoas confiem cegamente no navegador, mas não é recomendável. O ideal é fazer uma análise prévia do trajeto e planear a viagem. Ainda mais com mau tempo e sem conhecer a estrada”, recomendou, citado pelo jornal ‘ABC’.

Os sistemas atuais normalmente não registam grandes problemas de obsolescência da rede rodoviária, como costumavam fazer, mas ainda não incorporam dados meteorológicos confiáveis. Por exemplo, durante os piores dias da enchente em Valência, as aplicações continuaram a fornecer rotas por áreas inundadas ou ruas devastadas pelas águas. O problema, de acordo com os especialistas, surge em áreas pouco movimentadas, onda as aplicações não têm dados de outros utilizadores.

Espanha é um dos países da União Europeia que mais utiliza esses sistemas de navegação. Segundo o Observatório Europeu da Mobilidade da FIA (Federação Internacional do Automóvel), a grande maioria dos espanhóis (97%) tem alguma aplicação de mobilidade no smartphone, contra 83% na Europa. Ramón Ledesma, consultor da PONS Mobility, afirmou que o uso generalizado de dispositivos GPS pode estar a causar uma “falsa sensação geral de segurança”. A tecnologia deve ser um suporte, mas nunca um substituto para o julgamento do condutor. A indústria, salientou, está a dar prioridade à eficiência energética ou a redução de emissões, mas, em alguns casos, isso resulta em rotas secundárias menos seguras. “Os sistemas de navegação devem priorizar critérios de segurança viária em seus algoritmos, priorizando estradas bem sinalizadas e minimizando distrações durante a condução”, acrescentou Ledesma.