Debaixo dos fiordes: Noruega constrói o maior e mais profundo túnel rodoviário subaquático do mundo

<div style="margin-bottom:20px;"><img width="934" height="621" src="https://executivedigest.sapo.pt/wp-content/uploads/2025/04/Capturar-3.jpg" class="attachment-post-thumbnail size-post-thumbnail wp-post-image" alt="" decoding="async" loading="lazy" srcset="https://executivedigest.sapo.pt/wp-content/uploads/2025/04/Capturar-3.jpg 934w, https://executivedigest.sapo.pt/wp-content/uploads/2025/04/Capturar-3-300x199.jpg 300w, https://executivedigest.sapo.pt/wp-content/uploads/2025/04/Capturar-3-677x450.jpg 677w, https://executivedigest.sapo.pt/wp-content/uploads/2025/04/Capturar-3-768x511.jpg 768w" sizes="(max-width: 934px) 100vw, 934px" /></div>Com 26,7 km de extensão e 390 metros de profundidade, o túnel Rogfast vai ligar Stavanger a Bergen e eliminar travessias por ferry. Conclusão está prevista para 2033.

Debaixo dos fiordes: Noruega constrói o maior e mais profundo túnel rodoviário subaquático do mundo

A Noruega está a construir aquele que será o maior e mais profundo túnel rodoviário subaquático do mundo. O projeto, chamado Rogaland Fixed Link — ou simplesmente Rogfast — representa uma das mais ambiciosas obras de engenharia da Europa e deverá transformar radicalmente a mobilidade na costa oeste do país.

Com uma extensão de 26,7 quilómetros e uma profundidade máxima de 390 metros abaixo do nível do mar, o túnel ligará diretamente as cidades de Stavanger e Bergen, duas das maiores urbes norueguesas, encurtando em 40 minutos o tempo de viagem entre elas. A conclusão está prevista para o verão de 2033.

A infraestrutura integra a autoestrada europeia E39, que percorre a costa atlântica da Noruega, e será fundamental para ligar cidades como Kristiansand, Stavanger, Haugesund e Bergen, substituindo várias ligações por ferry. “Stavanger é a quarta maior cidade da Noruega, e Bergen é a segunda maior, por isso esperamos que este projeto ajude também a reduzir o tempo de viagem para trabalhadores que se deslocam diariamente entre as duas cidades”, explicou Oddvar Kaarmo, gestor do projeto Rogfast na Administração Norueguesa de Estradas Públicas, em declarações à Euronews Next.

Uma rotunda subaquática numa ilha
Um dos elementos mais inovadores da obra é a construção de uma ligação à ilha de Kvitsøy — o município mais pequeno da Noruega — através de uma derivação do túnel principal. Esta ligação inclui duas rotundas escavadas na rocha a 260 metros abaixo do nível do mar, onde os dois sentidos de circulação se cruzam.

“Já construímos rotundas em túneis anteriormente. Mas esta poderá ser das primeiras vezes em que se constrói uma interseção com duas rotundas no mesmo ponto de secção transversal. Pelo que sei, nunca vi duas rotundas assim num túnel”, referiu Kaarmo.

Estas rotundas permitirão manter a circulação mesmo em caso de encerramento parcial do túnel. “Se acontecer algo e tivermos de encerrar parte do túnel, podemos continuar a operá-lo utilizando apenas um dos tubos e manter o trânsito nos dois sentidos”, explicou o engenheiro.

Estrutura de segurança reforçada
O túnel Rogfast será composto por dois tubos paralelos, com duas faixas de rodagem em cada direção, uma configuração que serve também objetivos de segurança. “Se um camião ou veículo pesado se incendiar à sua frente e não conseguir dar a volta, pode procurar as portas verdes com sinais de saída… e atravessar para o outro tubo do túnel. Temos um sistema de câmaras que nos permite saber exatamente onde está, e podemos ir buscá-lo e retirá-lo em segurança”, explicou Kaarmo à Euronews Next.

A construção do Rogfast, que teve início em 2018, já se encontra praticamente a meio. “No lado norte, cerca de 65% do túnel já foi escavado. A sul, em Randaberg, temos cerca de 45% concluído”, detalhou o gestor do projeto.

Ao contrário de outras grandes obras semelhantes na Europa — como o túnel Fehmarnbelt entre a Alemanha e a Dinamarca, que é montado com módulos pré-fabricados —, o Rogfast está a ser escavado diretamente na rocha sólida, através de explosivos e perfuração, garantindo maior resistência à pressão marítima.

“Viaja-se através de rocha sólida. Existe uma distância entre o teto do túnel e o fundo do mar. Os nossos regulamentos exigem pelo menos 50 metros. Portanto, circulamos mesmo no fundo do mar. Na Noruega, este tipo de túnel é bastante comum. Temos cerca de 40 túneis rodoviários subaquáticos e estamos habituados à construção. Costuma ser mais barato e mais fácil construir um túnel do que uma ponte para ligar uma ilha”, disse Kaarmo.

Impacto na economia e turismo
Com um custo estimado de 25 mil milhões de coroas norueguesas (cerca de 2 mil milhões de euros), o projeto deverá impulsionar não só a mobilidade, mas também setores como a indústria, o turismo e a distribuição de produtos. “Vai ajudar os produtores de marisco e peixe a chegar mais rapidamente ao mercado, sem necessidade de utilizar ferries”, destacou o responsável.

Além da economia local, a nova ligação poderá atrair ainda mais visitantes para a região. “Veremos trabalhadores em deslocações, indústria… e provavelmente também mais turismo. A costa oeste da Noruega é já uma zona bastante procurada por turistas — especialmente Bergen. Com este projeto rodoviário, que permitirá chegar lá mais depressa, é provável que o interesse turístico aumente ainda mais”, antevê Kaarmo.

A Administração Norueguesa de Estradas Públicas estima que, até 2053, o túnel seja utilizado por cerca de 13 mil veículos por dia, tornando-se uma das principais artérias do país e um novo marco da engenharia europeia.