Renault Emblème: laboratório sobre rodas para levar mobilidade limpa a outros patamares

Nenhum aspeto da descarbonização pode ser tratado de forma isolada. Qualquer abordagem deve ter em conta o ciclo de vida do automóvel, desde o início até o fim, e incluir cinco áreas principais: eco-design, seleção de recursos, produção, uso e fim de vida

Renault Emblème: laboratório sobre rodas para levar mobilidade limpa a outros patamares

Respondendo aos desafios colocados pelas alterações climáticas e conservação do meio ambiente, a indústria automóvel está a passar por uma grande transformação. Através do Emblème, a Renault continua os estudos exploratórios iniciados com o concept Scenic Vision, em 2022. Explorando ao máximo todas as possibilidades, o objetivo é criar um protótipo funcional de um modelo familiar – espaçoso, confortável e com alta tecnologia – ao mesmo tempo que leva a descarbonização para novos patamares.

Nenhum aspeto da descarbonização pode ser tratado de forma isolada. Qualquer abordagem deve ter em conta o ciclo de vida do automóvel, desde o início até o fim, e incluir cinco áreas principais: eco-design, seleção de recursos, produção, uso e fim de vida.

Desenvolvido pela Ampere, o Renault Emblème é um concept car que reflete essa abordagem. É a visão de um automóvel familiar de baixo-carbono, de início ao fim, já que emite menos 90% de gases com efeito de estufa (CO2e), ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Cada escolha tecnológica e estilística foi ditada por especificações rigorosas, visando alcançar novos níveis de mobilidade baixo-carbono. O Renault Emblème explora combinações inteligentes, credíveis e viáveis, nomeadamente ao nível dos recursos, materiais, produção, uso e reciclagem no fim da vida útil.

Dessa forma, consegue uma redução de 70% na pegada de carbono na produção de todas as peças. Além disso, 50% dos materiais usados na produção do automóvel são reciclados e, no final da sua vida útil, praticamente todos os materiais utilizados são recicláveis. Engenheiros e designers trabalharam juntos para encontrar as melhores soluções em termos de aerodinâmica e eficiência energética. O resultado é impressionante: uma elegante shooting brake, com 4,80 metros de comprimento, onde o estilo e a tecnologia são determinantes para a sua pegada de carbono.

O Renault Emblème é um convite para viajar num interior com um design contemporâneo e poético. Tecnologias inovadoras incluem um novo e amplo ecrã panorâmico OpenR, que se estende por todo o painel de instrumentos.

O grupo propulsor de dupla energia está colocado na traseira do automóvel e é alimentado por eletricidade e hidrogénio, uma combinação ideal para viagens curtas ou de longa distância, com baixas emissões de carbono.

O Grupo Renault posiciona-se como ator principal da mobilidade zero. Na sequência do Acordo de Paris sobre o Clima, em 2015, o grupo adaptou uma estratégia para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) das suas atividades e contribuir para manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2°C.

Contribuindo para o objetivo da neutralidade carbónica, o Grupo Renault pretende alcançar zero emissões, a nível mundial, até 2050, sendo que, na Europa, esse objetivo deve ser alcançado até 2040. Esta ambição é apoiada, em particular, pela Ampere, a entidade do grupo dedicada a veículos elétricos inteligentes. O Renault Emblème está na vanguarda dessa revolução!

“A ambição do projeto Renault Emblème era conseguir a máxima descarbonização, através da conceção de um automóvel atraente, eficiente, familiar, confortável, de alta tecnologia e versátil na utilização. Mais do que um concept car, é um automóvel de demonstração que é um prazer de ver, de estar e de conduzir – é um verdadeiro convite à viagem!”, referiu Fabrice Cambolive, CEO da Marca Renault.

Metodologia baseada na análise do ciclo de vida do veículo

A análise do ciclo de vida (LCA) é um método científico utilizado para quantificar os impactos ambientais de um veículo durante a sua vida útil. Esta análise tem em conta a extração das matérias-primas e a produção dos componentes, bem como a montagem, o transporte, a utilização, a manutenção e a reciclagem do veículo. É a ferramenta internacional e multicritério utilizada pelo Grupo Renault. Uma das suas principais utilizações é o cálculo do potencial de aquecimento global associado às emissões de gases com efeito de estufa, medido em CO2 equivalente (CO2 eq) por veículo. O Grupo Renault calcula o consumo real dos seus veículos, ao longo de 200.000 km e 15 anos.

O Megane E-Tech elétrico, por exemplo, emite 25 toneladas de CO2 durante seu ciclo de vida. Isto é praticamente metade da quantidade de um modelo equivalente que funciona com combustíveis fósseis (50 toneladas de CO2 eq no caso de um Renault Captur, com motor a gasolina, fabricado em 2019). Como se pode ver, a mobilidade totalmente elétrica tem enormes vantagens em termos de emissões de CO2 eq. No caso do projeto Emblème, esse valor é de apenas 5 toneladas de CO2 eq do “berço ao túmulo”, o que representa uma redução de quase 90%!

Para o Renault Emblème, esse número de 5 toneladas de CO2 eq é mais do que uma promessa. Foi calculado e auditado por especialistas independentes do IFPEN (Institut Français du Pétrole et des Energies Nouvelles).

A estratégia de descarbonização adotada pelo Grupo Renault (redução das emissões de GEE = redução da nossa pegada de carbono) tem em conta o ciclo de vida do veículo. As emissões em toneladas de CO2e por veículo são calculadas com base numa metodologia comprovada, que abrange as seguintes etapas do ciclo:

Fornecimento de matérias-primas e peças
Produção (fábricas)
Utilização (automóvel a circular)
Fim de vida (reciclagem/reutilização do veículo).

O que impulsiona a descarbonização em cada uma dessas fases é:

Eficiência energética
Uso de energia renovável
A economia circular.

Abordagem global ao eco-design

Alcançar a cifra de apenas 5 toneladas de CO2 eq, do “berço ao túmulo”, exigiu uma abordagem de eco-design ultraeficiente por parte da Ampere, que começou no primeiro traço do designer e engloba todos os componentes do veículo. A busca por economias de CO2 eq envolveu todas as etapas do processo: desde o design exterior, passando pela produção dos materiais interiores, até ao desenvolvimento do grupo propulsor. Apoiados por ferramentas modernas e de alto desempenho, os designers e engenheiros levaram o projeto ao limite em termos de inovação.

“O Renault Emblème está à altura dos desafios da descarbonização. Concentra as soluções de engenharia e inovação necessárias para que os automóveis concebidos e produzidos pelo Grupo Renault tenham como objetivo a neutralidade carbónica”, referiu Cléa Martinet, VP Sustentabilidade, Grupo Renault.

“É a expressão de uma mobilidade descarbonizada e respeitadora dos recursos, concebida desde o desenho até ao fim de vida, de forma ecossistémica e coletiva com os nossos parceiros e fornecedores ao longo de toda a cadeia de valor. Além de ser uma antevisão em termos de design, integra tecnologias desenvolvidas pela Ampère que serão progressivamente introduzidas nas próximas gerações de veículos”, reforçou.

O peso e a sua importância

O peso de um veículo tem impacto nas emissões a vários níveis: na extração das matérias-primas, na produção, no transporte, durante a utilização (impacto no consumo de energia) e na reciclagem. Para limitar o peso do Renault Emblème a apenas 1800 quilos, os responsáveis pelo projeto procuraram eliminar os quilos em excesso, mantendo a qualidade dos equipamentos de bordo (conforto, segurança, etc.).

Redução de 70% na pegada de carbono da produção de peças

Sete materiais e componentes são responsáveis por 90% da pegada de carbono do automóvel: bateria, aço, alumínio, polímeros, componentes eletrónicos, pneus e célula de combustível e depósito.

Ao associar uma série de parceiros industriais ao processo de conceção ecológica, a Renault otimizou, desde o início, a escolha e a diversidade dos materiais utilizados no Renault Emblème. A lista de parceiros inclui: AKWEL, Autoneum, ArcelorMittal, CEA, Constellium, Dicastal, Forvia, Forvia Hella, Michelin, OPmobility, STMicroelectronics, Valeo e Verkor.

Especificações rigorosas definem todos os detalhes da composição do veículo com o objetivo de alcançar uma redução de 70% na pegada de carbono na produção de peças de aço, alumínio, plásticos, pneus, vidro, eletrónica, etc.

Projeto colaborativo envolvendo o ecossistema automóvel

Mais de vinte parceiros especialistas nas suas áreas trabalharam no projeto com a Renault e a Ampere. Cada um trouxe a sua própria tecnologia ou know-how para otimizar a descarbonização, sem comprometer o valor ou a qualidade. Para alcançar o nível mais alto de descarbonização, cada parceiro implementou as suas próprias inovações em busca de soluções para uma melhor eficiência energética, envolvendo o uso de energia de baixo-carbono como parte de uma abordagem de economia circular:

Puxadores de portas – Akwel

Os puxadores de porta sensíveis ao toque têm uma conceção ecológica. Extremamente favoráveis à aerodinâmica, a sua conceção otimizada reduziu em 60% o peso total da peça. A simplificação do mecanismo resultou numa redução de 50 componentes, proporcionando, ao mesmo tempo, uma resposta de ativação na abertura de 0,1 segundos. As peças, fabricadas a partir de um único material, contêm 65% de material reciclado, contribuindo para uma redução de 88% das emissões de carbono. A Akwel concebeu, igualmente, o sistema de abertura elétrica da porta da bagageira dianteira “Frunk”.

ArcelorMittal

Utilizando aços de alta resistência (AHSS) e aços prensáveis, a ArcelorMittal reduziu em 8% o peso total do aço necessário para construir a carroçaria, conseguindo uma maior eficiência energética e descarbonização. Os aços XCarb® Recycled and Renewably Produced do pilar B são produzidos, exclusivamente, com eletricidade renovável, para uma redução de 69% das emissões de CO₂eq. A ArcelorMittal pretende atingir a neutralidade carbónica até 2050, através de uma combinação de tecnologias, que podem incluir a redução do ferro, a utilização de gás natural e o hidrogénio verde.

Isolamento térmico e acústico monomaterial – Autoneum

A Autoneum concebeu 32 peças para o Emblème com propriedades térmicas e/ou acústicas, tanto para o interior como para o exterior do veículo. Essas peças incluem a carenagem da parte inferior da carroçaria, tapetes, forros de bagageira, peças acústicas, absorventes do compartimento do grupo motopropulsor e bagageira dianteira. As peças foram fabricadas a partir de fibras de poliéster extremamente leves e fáceis de reciclar. O processo de produção utilizou ao máximo a eletricidade renovável e os resíduos reciclados. Com base na redução de peso (25%), num elevado nível de conteúdo reciclado, num processo de produção sem resíduos e na excelente reciclabilidade dos materiais em fim de vida, a Autoneum conseguiu reduzir a pegada de carbono global dos seus componentes em 70%.

Portas em alumínio – Constellium

Uma vantagem do alumínio é que pode ser reciclado infinitamente sem perder nenhuma das suas propriedades. O processamento de alumínio reciclado para painéis da carroçaria requer apenas 5% da energia necessária para produzir metal primário, emitindo também pouco CO2.eq. Para fazer as portas do Emblème, a Constellium usou alumínio primário, produzido por eletrólise com eletricidade de baixo carbono, e alumínio reciclado proveniente da economia circular. Isso ilustra o potencial de circularidade a longo prazo do alumínio em automóveis.

Jantes de liga leve – Dicastal

As jantes do Renault Emblème foram concebidas a pensar no eco-design e têm um desenho particularmente favorável à aerodinâmica. Finas e extremamente leves (cada roda pesa 16,5kg), são fabricadas em alumínio proveniente em 70% da economia circular. O seu fabrico emite apenas 195 kg de CO2eq.

Interior – Forvia

Para o interior do automóvel, nomeadamente para o painel de instrumentos, a Forvia utilizou revestimentos à base de materiais reciclados ou naturais, que têm a vantagem de serem capazes de armazenar CO₂.

As zonas de contacto nos painéis das portas e na consola central são estofadas em peles feitas de fibras de ananás, uma alternativa mais leve e sustentável ao couro animal.

O painel de instrumentos é estofado em linho fabricado na Normandia (França). Este processo inovador acrescenta propriedades estruturais às qualidades estéticas deste material, enquanto elimina os resíduos.

Para as inserções das portas e faixa do painel de instrumentos, o processo de montagem foi otimizado utilizando soluções inovadoras que não requerem soldadura ou colagem, para facilitar a reciclagem.

No âmbito de uma abordagem Shy Tech, os comandos convencionais são substituídos por botões ocultos sob a superfície (elevadores de vidros e ecrã central), para um design minimalista e mais duradouro.

Faróis – Forvia Hella

Os faróis desenvolvidos pela Forvia Hella reduzem para metade as emissões de CO2, ao longo do ciclo de vida, em comparação com os faróis convencionais. Para isso, utilizam lentes fresnel, que requerem 80% menos de material. O design otimizado, o uso de processos de injeção inovadores, bem como o uso de materiais reciclados e de origem biológica, contribuem para reduzir para metade a pegada de carbono. A produção em unidades industriais neutras em termos de carbono, a partir do final de 2025, contribuirá para reduzir a pegada até 30%. Por último, o controlo adaptativo da intensidade luminosa reduz o consumo de energia em 60%, no centro da cidade.

Pneus – Michelin

Os pneus desempenham um papel crucial nos projetos de automóveis de baixo-carbono, uma vez que representam cerca de 20% do consumo de energia. Aquando da sua apresentação no Salão Automóvel de Paris, o Emblème estava equipado com pneus Michelin Primacy 215/45-R22 especialmente concebidos e otimizados para um bom desempenho aerodinâmico. Os pneus desenvolvidos pela Michelin ultrapassam ainda mais os limites da resistência ao rolamento. O Slimline tem uma resistência ao rolamento de 5,5 kg/T, sem qualquer compromisso noutros aspetos relacionados com o desempenho, contra 6,5 kg/T dos pneus convencionais. Com base na LCA, esta inovação melhorará a durabilidade dos veículos em 55% e reduzirá a pegada de carbono dos pneus, em mais de 40%, até 2035.

Tanque de hidrogénio – OP Mobility

Para reduzir o peso e a pegada de carbono do veículo, o tanque de hidrogénio é feito em fibra de carbono, utilizando energia de baixo carbono.

Componentes eletrónicos – ST Microelectronics

O Emblème utiliza a tecnologia SiC da ST Microelectronics para o inversor de tração, de modo a utilizar a energia da bateria do VE para acionar o motor. A SiC é uma tecnologia inovadora que complementa o silício e que é essencial para gerir os fluxos de energia, a autonomia e o carregamento dos veículos. É mais robusta do que o silício para VEs de alto desempenho e mais amiga do ambiente, uma vez que reduz as perdas de energia, lida com níveis de potência e tensão mais elevados e oferece um melhor desempenho energético e térmico.

Até 2030, a ST pretende reduzir as emissões de CO2eq do inversor de tração, em cerca de 80%, durante a sua vida útil, em comparação com um Renault Megane de 2018. Esta redução baseia-se no roteiro de neutralidade carbónica da ST, que abrange todas as emissões diretas e indiretas e atinge 100% de abastecimento de eletricidade renovável até 2027. As conceções inovadoras de semicondutores também reduzirão as emissões de CO2eq nas fases de produção e utilização.

Sistema completo de limpa para-brisas – Valeo

A Valeo desenvolveu um sistema de limpa para-brisas inovador, que inclui o motor sem escovas Nanojet Aquablade™ e peças de polímero impressas em 3D, para uma redução das emissões de CO2 eq em cerca de 60%. A Nanojet Aquablade™ é fabricada a partir de materiais reciclados e utiliza uma tecnologia com maior número de orifícios de pulverização, ao longo da sua lâmina, que tem um diâmetro mais pequeno do que a AquaBlade™ convencional, conseguindo uma redução de 60% nas emissões de CO2eq. Este design melhora a limpeza do para-brisas, exigindo menos ciclos para manter a mesma qualidade. Como resultado, utiliza menos produto de limpeza e, por conseguinte, funciona com um depósito mais pequeno e mais leve.

As peças de polímero impressas em 3D reduzem as emissões de CO2 para metade. Por último, o motor sem escovas é mais leve e mais eficiente, reduzindo as emissões de CO2 eq em 70%.

Bateria elétrica – Verkor

Concebida pela Verkor e com produção estimada até 2035, a bateria elétrica do Renault Emblème apresenta uma redução de 72% das emissões de carbono, em relação a uma bateria tradicional equivalente. Este desempenho é obtido através de processos de fabrico otimizados, de uma fábrica alimentada por eletricidade com baixo teor de carbono, de fornecedores locais e de uma reciclagem otimizada dos resíduos e das baterias em fim de vida.

Processo inovador dos bancos

O poliéster é utilizado não só para os bancos, mas também como revestimento para o chão. Todas as cores do tecido em poliéster totalmente reciclado e reciclável, que se vêm no interior, foram criadas através da tecelagem de fios de apenas quatro cores diferentes (ciano, magenta, amarelo e preto). Conhecido como síntese aditiva, este processo elimina a necessidade de corantes, emite menos CO2eq. e pode produzir até 62 tonalidades de cor.

“Com o Emblème, quisemos levar o ecossistema da indústria automóvel a uma mobilidade mais sustentável. Este laboratório de descarbonização foi concebido para funcionar sem comprometer caraterísticas como o conforto, a segurança e a conetividade”, apontou Pascal Tribotté, responsável de Projetos Renault Emblème.

“É o resultado de uma abordagem exploratória horizontal e coletiva. Entre o Grupo Renault e os 20 parceiros, todos especialistas nos seus domínios, a inovação sem barreiras permitiu-nos atingir o ambicioso objetivo de descarbonização fixado no início do projeto”, concluiu.

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