O envolvimento de Elon Musk na política impactou as ações da Tesla, que viu a sua valorização oscilar de forma inquietante. Entretanto, o diretor-executivo da fabricante de carros elétricos anunciou que vai afastar-se do departamento que lidera, num anúncio que parece ter agradado aos investidores.
“A partir do próximo mês, maio, a minha alocação de tempo para o DOGE [Departamento de Eficiência Governamental] cairá significativamente“, disse Elon Musk, durante uma chamada sobre as receitas da Tesla, na terça-feira.
Aos investidores, o diretor-executivo da fabricante de carros elétricos assegurou que vai regressar à empresa, afastando-se em parte do papel altamente controverso que tem desempenhado no Governo de Donald Trump. O anúncio resultou numa subida de 4% das ações da Tesla.
Apesar do afastamento, no entanto, Elon Musk terá defendido o seu trabalho no DOGE, assegurando que era necessário reduzir o “desperdício e a fraude“.
Na mesma chamada, o empresário terá ainda incentivado os investidores a “olhar além dos solavancos e buracos imediatamente à nossa frente“.
O anúncio de Elon Musk surge após a divulgação dos resultados pouco animadores da Tesla.
Segundo a imprensa, Elon Musk partilhou que a receita caiu 9% – com a receita de automóveis a cair 20% -, o lucro ajustado caiu 39%, e o lucro líquido caiu 71% relativamente ao ano anterior.
No início deste mês, a Tesla já havia avisado os investidores de que tinha sofrido a maior queda de vendas da sua história durante o primeiro trimestre, com menos 50.000 veículos em comparação com os primeiros três meses do ano passado.
O facto de os analistas atribuírem grande parte da culpa pelas quedas da Tesla ao papel de Elon Musk no Governo de Donald Trump poderá ter motivado a decisão do empresário.
Tesla terá de rever o seu caminho devido às taxas
Além de os números do trimestre terem ficado aquém do esperado, a intensificação da guerra comercial estará a perturbar as perspetivas da empresa para o resto do ano.
De facto, apesar de a Tesla estar menos exposta às taxas do que a maioria das fabricantes de automóveis, por fabricar os carros que vende nos Estados Unidos em fábricas americanas, precisará de rever o caminho que quer seguir.
É difícil medir os impactos da mudança da política comercial global nas cadeias de abastecimento automóvel e de energia.
Entretanto, sobre as taxas, Musk afirmou que, apesar de dar o seu parecer, a “decisão sobre as taxas cabe inteiramente ao Presidente dos Estados Unidos”.
Na sua perspetiva, conforme reforçou, “a redução das taxas é uma boa ideia para a prosperidade“. Por isso, continuará a defender “taxas mais baixas, em vez de taxas mais altas“.