“Só quem vender 2 milhões de carros elétricos por ano vai sobreviver”. Especialista alerta para a concorrência internacional

Enquanto a Europa debate os riscos da entrada massiva de carros chineses no seu mercado, do outro lado do mundo as fabricantes chinesas enfrentam uma luta pela sobrevivência. A indústria automóvel na China, marcada por investimentos intensivos em tecnologia e uma feroz guerra de preços, está a encolher a um ritmo acelerado.

“Só quem vender 2 milhões de carros elétricos por ano vai sobreviver”. Especialista alerta para a concorrência internacional

Enquanto a Europa debate os riscos da entrada massiva de carros chineses no seu mercado, do outro lado do mundo as fabricantes chinesas enfrentam uma luta pela sobrevivência. A indústria automóvel na China, marcada por investimentos intensivos em tecnologia e uma feroz guerra de preços, está a encolher a um ritmo acelerado.

Segundo o professor Zhu Xican, da Universidade Tongji, qualquer fabricante de carros elétricos que não consiga vender pelo menos 2 milhões de unidades por ano está condenado a desaparecer. A afirmação, feita numa conferência organizada pela Tencent, lança um alerta a marcas conhecidas como Nio, Xpeng e Li Auto, que enfrentam dificuldades em manter a sua independência num mercado cada vez mais competitivo, revela o ‘elEconomista’.

Nos últimos cinco anos, o número de construtores chineses caiu de cerca de 200 para apenas 50. E a tendência de consolidação parece longe de terminar. Um analista no mesmo painel prevê que apenas 10 marcas sobreviverão na China nos próximos cinco anos, caso o mercado não cresça significativamente.

A guerra comercial iniciada pelos EUA em 2023 agravou a situação. A queda nas encomendas levou ao encerramento de fábricas e ao despedimento de trabalhadores. A Tesla, por exemplo, viu os seus vendedores na China serem forçados a turnos de 13 horas diárias na tentativa desesperada de atrair clientes. Embora as tarifas impostas pelos EUA tenham impacto, os analistas apontam também para a lentidão da Tesla face à rápida inovação das marcas locais.

O ambiente altamente competitivo obriga a ciclos de renovação de produto muito curtos. Os consumidores chineses exigem veículos tecnologicamente avançados, com inteligência artificial, condução autónoma e sistemas de entretenimento sofisticados — mas para isso são precisos investimentos maciços em investigação e desenvolvimento.

Para resistirem, várias marcas estão a explorar fusões e parcerias. A Nio, por exemplo, apresentou recentemente a nova marca Firefly no Auto Shanghai 2025 e firmou acordos estratégicos com a CATL, a maior fabricante mundial de baterias. Já grupos estatais como a Dongfeng e a Changan ponderam unir forças, o que poderia resultar numa capacidade conjunta de 5 milhões de veículos anuais.

Entretanto, os construtores ocidentais procuram adaptar-se ao novo paradigma chinês. A BMW anunciou que vai integrar inteligência artificial da DeepSeek nos seus veículos vendidos na China, em colaboração com o Alibaba. A Volkswagen, por sua vez, desenvolveu um novo sistema de condução automatizada com a Carizon — uma joint venture com a chinesa Horizon Robotics — atingindo em apenas 18 meses um nível de automação sem precedentes para marcas europeias.

Com mais de 25 milhões de veículos previstos para o mercado chinês em 2025, a China será maior que a Europa e os EUA juntos. Mas resta saber: haverá realmente espaço para 10 fabricantes?

 

Leia este e outros artigos aqui.