Por Alexandre Manuel Ferreira, Presidente da Direção da ANECRA
Num setor em constante transformação como é ocaso do Automóvel, marcado pela transição energética, pela digitalização e por exigências regulatórias cada vez mais complexas, o associativismo moderno surge como uma ferramenta vital para garantir a resiliência e a competitividade das empresas.
Ao contrário do modelo tradicional, centrado na defesa de interesses comuns junto da Tutela ou na promoção de eventos institucionais, o associativismo moderno pretende-se extremamente dinâmico, colaborativo e orientado para resultados, com as Associações a terem de ser mais do que órgãos representativos.
O futuro do associativismo tende a ser cada vez mais, impulsionado por mudanças profundas na indústria: a transformação tecnológica e a necessidade de adaptação conjunta, o fortalecimento da representação coletiva, a sustentabilidade e economia circular, os novos modelos de negócio e a mobilidade, a digitalização das redes de associados, a internacionalização e as redes globais são o caminho a percorrer.
A importância do Setor Automóvel em Portugal é inegável: é composto por cerca de 35.000 empresas que empregam 167.000 trabalhadores, o que corresponde a 3,5% do emprego total no país, tendo gerado, em 2024, um volume de negócios de 42,6 mil milhões de euros e contribuído com 10,9 mil milhões de euros em receitas fiscais, representa 17,8% das receitas fiscais do Estado.
Estes números conferem ao associativismo neste setor uma responsabilidade acrescida, razão pela qual este tem evoluído significativamente, refletindo as transformações tecnológicas, económicas e ambientais que impactam a indústria.
O sucesso do modelo de associativismo moderno depende de uma cultura de confiança, transparência e participação ativa dos seus membros. É preciso romper com o paradigma do pagar quotas e esperar resultados, é necessário caminhar para um modelo mais colaborativo, onde todos contribuem e todos ganham.
O futuro deste modelo não está garantido, pelo que deverá ser construído, implicando uma visão estratégica, agilidade organizacional e capacidade de mobilizar os seus membros em torno de causas comuns. Mais do que nunca, o associativismo precisa de deixar de ser apenas defensor de interesses para se tornar um agente de transformação.
Nesse sentido, importa apoiar o desenvolvimento de comunidades colaborativas online, investir numa consultoria especializada e personalizada às empresas, e criar um verdadeiro hub de inovação para o setor automóvel — um ecossistema colaborativo que una empresas, start-ups, instituições de ensino, oficinas, distribuidores e entidades governamentais.
Num setor onde a mudança é a única constante, a colaboração entre Associações representativas do nosso tecido empresarial torna-se uma condição essencial. Foi com este espírito que promovemos, no passado mês de abril, em Madrid, um encontro com várias entidades congéneres, com o objetivo de debater temas transversais ao Setor, partilhar experiências e gerar inovação — não apenas como resposta à necessidade de sobrevivência, mas como alavanca para a prosperidade das nossas empresas.
É com base nesta visão que lançamos o repto às Associações congéneres do setor automóvel para que estreitemos relações, respeitando as nossas diferenças, mas projetando de forma estratégica e articulada os muitos interesses que temos em comum.
Leia este e outros artigos aqui.