Um novo tipo de motor pode transformar por completo a indústria automóvel: funciona com nitrogénio líquido e é capaz de gerar movimento graças à sua impressionante capacidade de expansão, que multiplica o seu volume mais de 700 vezes. Longe das limitações do hidrogénio e dos desafios dos carros elétricos, esta tecnologia avança silenciosamente como uma alternativa limpa, eficiente e viável.
Durante anos, os motores elétricos e as células de combustível de hidrogénio lideraram o caminho para a mobilidade sustentável, lembrou a publicação espanhola ‘El Confidencial’. Contudo, apresentam desafios significativos. Enquanto os EV dependem de baterias caras e difíceis de reciclar, o hidrogénio continua a ser uma opção cara, complexa de produzir e difícil de armazenar devido às suas rigorosas condições criogénicas.
No entanto, parece haver uma terceira via: sediada em Londres, a empresa Dearman desenvolveu uma tecnologia alternativa baseada na expansão térmica do azoto líquido. Através de um inovador sistema de pistões, o motor aproveita a mudança de estado do azoto — de líquido para gasoso — para gerar energia mecânica sem necessidade de combustíveis fósseis ou emissões poluentes.
E como funciona? Quando o azoto líquido entra em contacto com um fluido de troca de calor, evapora rapidamente, provocando uma expansão controlada que move os pistões do motor. Esta conversão térmica é realizada sem emissões poluentes. “A única emissão de um motor Dearman é o ar ou o azoto, sem emissões de NOx, CO2 ou partículas”, explicou a empresa.
As vantagens do novo motor
Uma das chaves para o potencial sucesso desta tecnologia reside na sua simplicidade e facilidade de implementação. Ao contrário dos motores a hidrogénio, que exigem infraestruturas específicas e condições de segurança muito rigorosas, o azoto líquido pode ser armazenado com relativa facilidade e dispõe de uma infraestrutura bem desenvolvida em toda a indústria global de gases industriais.
Além disso, o processo de produção de combustível é maduro e bem conhecido: baseia-se na liquefação do ar, que requer apenas eletricidade e ar atmosférico. Isto permite, segundo Dearman, aproveitar horários de menor procura ou fontes renováveis para minimizar os custos e reduzir ainda mais o impacto ambiental .
Apesar das suas muitas vantagens, o armazenamento de azoto líquido requer recipientes capazes de suportar temperaturas inferiores a -200°C, o que aumenta os custos iniciais. No entanto, a empresa garantiu que o sistema pode competir em termos de custo graças à utilização de materiais convencionais e técnicas de fabrico já estabelecidas no setor.
De acordo com os dados de Dearman, é possível transferir mais de 100 litros por minuto entre contentores, uma velocidade que iguala ou até excede os sistemas tradicionais de reabastecimento de combustível. Isto torna-o uma opção realista para frotas comerciais, logística urbana e até mesmo para transportes pesados.
A expansão do nitrogénio líquido não só permite que os veículos se movam sem poluição, como também reduz o peso do sistema de transmissão em comparação com as baterias, prolongando a vida útil de componentes como os travões, os discos e os pneus.
De acordo com os testes iniciais da empresa, os protótipos já em funcionamento apresentam resultados promissores. Embora ainda não tenha sido implementado em larga escala, os avanços tecnológicos e a crescente necessidade por opções sustentáveis posicionam o azoto como uma das alternativas mais sérias para os próximos anos.
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