Rally de Portugal: a mesma emoção sempre num dos melhores ralis do mundo

Recordo-me dos meus tempos de juventude em que assistir à F1 ou ao Rali de Portugal era um evento a nunca perder. Para o Rali de Portugal ia sempre assistir aos troços de Arganil e a logística para lá chegar era grande. Começava uma semana antes, estradas diferentes, automóveis da época mas a emoção de ver passar as grandes máquinas que só víamos nas revistas e na televisão aumentava o desejo de estar presente

Rally de Portugal: a mesma emoção sempre num dos melhores ralis do mundo

Recordo-me dos meus tempos de juventude em quea F1 ou ao Rali de Portugal era um evento a nunca perder. Para o Rali de Portugal ia sempre assistir aos troços de Arganil e a logística para lá chegar era grande, estradas eram diferentes, automóveis da época mas a emoção de ver passar as grandes máquinas que só víamos nas revistas e na televisão aumentava o desejo de estar presente

Este ano assisti de modo totalmente diferente ao acompanhar a equipa Toyota Gazoo Racing, marcando presença nos troços de Arganil em Pisão, depois na super especial efetuada pela primeira vez em Sever do Vouga e, por fim, na Exponor para um contacto direto na garagem da marca.

Longe vão os tempos em que assistir ao Rali de Portugal era todo um exercício de emoção mas também de perigo com todos a ocuparem a estrada e a desviarem-se segundos (????) antes da chegada do automóvel. As regras de hoje – e foi isso mesmo que encontrei – é uma segurança apertada, com zonas totalmente balizadas para o público assistir em segurança e com a mesma emoção, ao Rali de Portugal. Hoje não temos os célebres grupos A e B que antigamente largavam labaredas dos escapes com o seu ruído característico; hoje tudo se passa mais silenciosamente, o que não quer dizer de modo menos rápido e eficaz. Em termos de organização nada a apontar!

Não dava “em pista” para compreender o trabalho de equipa porque só víamos os vários concorrentes na passagem pelos troços, mas dava para acompanhar nos vários ecrãs gigantes e perceber que, nos dias de hoje as diferenças entre equipas são ínfimas e, portanto, tudo conta.

Também este ano o fornecedor de pneus é diferente e as marcas quando testaram em Portugal, fizeram-no com piso molhado e húmido o que não permitiu retirar dados concretos para este fim de semana, pois o piso era seco e, portanto, o comportamento dos pneus é diferente, não se percebendo sequer o nível de degradação, e por esse e outros motivos, alguns pilotos foram gerindo da melhor forma esses detalhes,  troço a troço.

Já na classificativa de Sever do Vouga e na Super especial com vários quilómetros que terminam neste pequeno circuito espetáculo, permitiu assistir com total segurança e ter uma melhor perceção das capacidades de cada marca, sendo interessante ver que mesmo num pequeno troço existiu  a capacidade de alguns pilotos conseguirem ganhar 4 segundos e outros 2 segundos, o que é relevante

Mas o final do dia era talvez o mais aguardado pois permitia-nos ir à Exponor onde estavam patentes várias viaturas de outros tempos, mas também toda a logística do rali onde podíamos aceder à garagem da marca Toyota e ver o trabalho prático da equipa

A F1, o Moto GP e os ralis não estão assim tão distantes entre eles pois tudo se passa da mesma forma, com uma cada vez maior importância/dependência dos dados registados pelo carro, para análise da corrida e para correção para o dia seguinte da provável estratégia.

Por cada automóvel a ser mexido só podem estar no máximo 12 mecânicos, 12 atletas de alta competição, 12 profissionais de exceção, numa sinfonia perfeita. E digo com a certeza de que foi isso mesmo que vi. Cada elemento da equipa tem uma função específica e detalhada, tem sempre um ecrã onde vão monitorizando o tempo que está a decorrer para a intervenção no automóvel e estas alterações resultam dos dados que a viatura também trouxe com ela e que automaticamente quanto chegou a esta zona foram descarregados, o que permitiu saber o que é necessário alterar em cada viatura , juntamente com as informações que o próprio piloto deu. Trata-se de uma sinfonia perfeita, sem ruído, sem questões, onde cada um faz o seu trabalho o mais rápido que pode.

Existem depois mais duas zonas da Toyota: uma onde estão a processar os dados dos automóveis, para depois permitir com esses dados, perceber o que é necessário melhorar para o dia seguinte, mas também para dizer ao piloto tudo aquilo que foi possível efetuar na viatura e as alterações que, provável ou possivelmente ele vai sentir com estas novas alterações. Trata-se de um trabalho exaustivo que termina noite dentro para garantir que, no outro dia de manhã o piloto tenha a melhor viatura possível disponível para competir, numa prova onde cada milésimo de segundo é importante nesta competição.

Temos então que a importância dos dados é fundamental para garantir que o talento do piloto sobressaia ainda mais, mas também  permitir saber quais são os troços onde pode e deve atacar e aqueles onde tem de gerir tempos para não degradar pneus ou outros elementos. Sem dúvida um trabalho fantástico.

Por fim, a última nota para a oportunidade que tivemos de conversar com alguns elementos da Toyota mas também participar na justa homenagem a um dos grandes pilotos da marca Jorge Ortigão, que nos deliciou com as diferenças existentes entre o seu tempo e o atual. É bom recordar!

Em termos de classificação final

Classificação Final – WRC (Top 10)

  1. Sébastien Ogier / Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) – 3:48:35.9
  2. Ott Tänak / Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) – +8.7s
  3. Kalle Rovanperä / Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) – +12.2s
  4. Thierry Neuville / Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) – +38.5s
  5. Takamoto Katsuta / Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) – +1:41.9
  6. Elfyn Evans / Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) – +2:31.0
  7. Sami Pajari / Marko Salminen (Toyota GR Yaris Rally1) – +2:38.3
  8. Josh McErlean / Eoin Treacy (Ford Puma Rally1) – +5:12.3
  9. Grégoire Munster / Louis Louka (Ford Puma Rally1) – +5:57.5
  10. Adrien Fourmaux / Alexandre Coria (Hyundai i20 N Rally1) – +6:45.2

O WRC continua a ter com protagonistas as marcas Toyota e Hyundai numa acesa disputa entre as duas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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