Portugueses deixariam o carro em casa se tivessem mais e melhores transportes públicos, revela estudo

Novo inquérito da DECO PROteste apontou que se verificou um aumento da percentagem de utilizadores de transportes públicos nas deslocações para o trabalho: em Lisboa, subiu de 29 para 42% e, no Porto, de 19 para 27%

Portugueses deixariam o carro em casa se tivessem mais e melhores transportes públicos, revela estudo

A chave para reduzir o uso do automóvel nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto reside na melhoria significativa dos transportes públicos, isto é, mais pontuais, mais frequentes e confortáveis poderiam convencer muitos condutores a deixar o carro em casa, ou pelo menos a utilizá-lo menos frequentemente, revelou esta quarta-feira um novo inquérito da DECO PROteste.

Desde 2023 verificou-se um aumento da percentagem de utilizadores de transportes públicos nas deslocações para o trabalho: em Lisboa, subiu de 29 para 42% e, no Porto, de 19 para 27%. No entanto 42% dos lisboetas e 59% dos portuenses utilizam o carro próprio para se deslocarem nas metrópoles. A maioria gostaria de mudar este cenário – 56% em Lisboa e 65% no Porto mostraram interesse em diminuir a utilização do carro.

A chave para esta mudança está na melhoria dos transportes públicos. 58% dos inquiridos no Porto e 56% em Lisboa afirmaram que um melhor funcionamento dos transportes públicos seria uma solução, sobretudo ao nível da frequência e da pontualidade, assim como o conforto (52% dos lisboetas e 56% dos portuenses).

O inquérito da DECO PROteste revelou ainda que satisfação geral nos transportes coletivos continua baixa, não chegando a 6 pontos numa escala de 1 a 10, tanto em Lisboa (5,7) como no Porto (5,5). A pontualidade é o aspeto mais criticado, com cerca de metade dos inquiridos a atribuírem uma nota baixa.

O estudo apontou também que 41% dos lisboetas e 55% dos portuenses consideram não ter alternativas práticas ao automóvel nas suas áreas metropolitanas, o que reforça a necessidade de investir em soluções de transporte público que atendam às necessidades de todos. Face à mobilidade no geral, a satisfação em ambas as cidades está pelos 5 pontos (de 1 a 10) e a grande maioria concorda com dois aspetos: as bicicletas e as trotinetes partilhadas devem obedecer às regras do trânsito e o transporte público é a forma mais eficiente para reduzir o congestionamento nas cidades.

“A DECO Proteste sublinha que a melhoria dos transportes coletivos não é apenas uma questão de conveniência e conforto, mas sim um imperativo para a sustentabilidade das nossas cidades. Ao investirmos num plano de mobilidade com transportes públicos mais eficientes e acessíveis, em articulação com outros meios de mobilidade mais leves estamos a construir um futuro mais próspero para todos”, afirmou Mariana Ludovino, porta-voz da DECO PROteste.

“A redução do custo dos passes sociais tem sido um passo importante para apoiar as famílias, especialmente as mais vulneráveis. No entanto, para que os transportes públicos se tornem uma alternativa realmente atrativa e eficaz, é crucial ir além da questão do preço. Falta melhorar significativamente a abrangência geográfica do serviço, aumentar a frequência dos horários, garantir uma interligação eficiente entre os diversos meios de transporte e entre municípios, e, fundamentalmente, tornar os percursos tão ou mais rápidos do que os realizados em automóvel particular, concluiu a porta-voz.

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