Volkswagen tem ‘plano B’ caso indústria automóvel entre em colapso: já vende mais salsichas do que carros

Gigante automóvel tem um 'segredo', num outro produto que vende quase tantas unidades como veículos

Volkswagen tem ‘plano B’ caso indústria automóvel entre em colapso: já vende mais salsichas do que carros

O que a Volkswagen faz? A resposta mais simples é que o negócio é vender carros. No ano passado, por exemplo, todas as diferentes marcas que compõem o grupo, desde a própria Volkswagen até à Seat, Audi, Porsche e Lamborghini, venderam 9,03 milhões de carros.

No entanto, o gigante automóvel tem um ‘segredo’, num outro produto que vende quase tantas unidades como veículos.

Em 2024, a Volkswagen vendeu 8,5 milhões do que é oficialmente conhecido como “parte 199.398.500 A”. Ou seja: salsichas de caril (‘Currywurst’), a iguaria alemã de fast-food geralmente servida em barraquinhas de rua. Um negócio surpreendentemente bem-sucedido que vem crescendo em ritmo acelerado há anos, algo que não pode ser dito da indústria automóvel.

A produção do ‘currywurst’ da Volkswagen remonta a 1973, mas para entender as suas origens, é preciso recuar a 1938, quando Adolf Hitler fundou uma empresa automóvel: o nome Volkswagen significa “carro do povo”. O ditador nazi fundou uma cidade planeada para os funcionários da recém-criada fábrica de automóveis viverem. Em 1945, quando a guerra terminou e os funcionários regressaram à fábrica para produzir carros em vez de armas, a cidade foi renomeada para Wolfsburg. A fábrica ficava longe da nova cidade, com um rio a separar, então a marca automóvel decidiu abrir a sua própria cozinha para que os funcionários pudessem comer comida quente. E em 1973, no que na época parecia uma decisão sem sentido, a empresa adicionou um novo prato ao menu: o ‘currywurst’.

O segredo é que, em vez de comprá-las no supermercado mais próximo, as salsichas são produzidas internamente por uma equipa de cerca de 30 pessoas. Todos os dias compram carne de porco, cortam a gordura manualmente, colocam a carne num mixer com um saco de temperos de caril, colocam a mistura na tripa, defumam e cozinham no vapor. Cerca de 20 mil salsichas saem da fábrica de salsichas da Volkswagen todos os dias. E os negócios estão a crescer: o número de salsichas produzidas mais que triplicou desde 2009.

Para onde vão essas ‘currywursts’? 40% vão para os restaurantes da própria fábrica. Por cerca de três euros, os funcionários podem comprar um prato de salsicha de 170 gramas, uma porção de batatas fritas e uma dose generosa de ketchup, que a empresa também produz.

Mas as salsichas da Volkswagen são tão famosas que a sua procura não para por aí. Segundo os chefs, a qualidade deste alimento coloca o seu ‘currywurst’ no mais alto nível da indústria, graças ao seu baixo teor de gordura e à sua mistura de especiarias. Assim, os funcionários da empresa também podem comprar as salsichas nos supermercados da cidade para consumir mesmo quando estiverem fora do trabalho.

a popularidade deste prato cresceu tanto que muitas concessionárias da marca na Europa oferecem aos seus clientes um pacote de salsichas quando compram um carro. E há sites que vendem comida com entrega em qualquer lugar da Alemanha.

A empresa continua a inovar nessa linha de negócios. Em 2021, lançou uma linha de salsichas vegans, o que gerou polémica no país: o ex-chanceler Gerhard Schröder criticou esse lançamento, considerando que as salsichas de carne eram parte fundamental da indústria automóvel, e que vender uma versão vegan equivaleria a desnaturar a sua história. Mesmo assim, essa linha tem feito sucesso: no ano passado, foram vendidas 42 mil unidades.

Entre os planos futuros está lançar um cachorro-quente “pronto para comer” e continuar a inovar com o companheiro favorito das salsichas: o ketchup. O chamado “componente 00010 ZDK-259-101” também é muito popular: no ano passado, foram vendidas 629.000 garrafas pequenas e 25.000 garrafas de 10 litros. O molho de tomate já chegou aos retalhistas dos EUA e a sua expansão continua. A próxima questão é se começarão a vendê-los em mais lojas pela Europa em vez de se limitarem a alguns pontos de venda especializados.

O crescimento da sua divisão de salsichas contrasta com a turbulência do seu principal negócio: carros. As vendas estão abaixo dos números de 2019, vendendo quase dois milhões de carros a menos a cada ano do que no nesse ano. Mas o sucesso da sua linha de salsichas prova que sempre pode haver um “plano B” inesperado.

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