Depois do sucesso no mercado chinês, algumas marcas têm sido muito transparentes relativamente aos seus planos de expansão para a Europa. Indo além da comercialização dos seus veículos, empresas chinesas, como a BYD, poderão abrir fábricas no nosso país.
No sentido de uma expansão global, não importa apenas exportar carros para outros mercados, mas reforçar a presença por via de infraestruturas, como fábricas, que permitam às empresas trabalharem diretamente com o mercado-alvo.
Indo ao encontro deste objetivo de expansão global, a China pretende não apenas vender carros, mas “colaborar” e “investir” com o mercado internacional, sobretudo o europeu.
Numa conversa em português com o diretor-executivo da CNN Portugal, Pedro Santos Guerreiro, na conferência “O Carro do Futuro”, que decorreu no Auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, Zhao Bentang, embaixador da China em Portugal, disse que o nosso país está na mira das empresas chinesas.
Zhao Bentang, embaixador da China em Portugal. Fonte: Hoje Macau
Quando questionado sobre se vai haver reforço de investimento chinês em Portugal, Zhao Bentang admitiu ser “otimista” e adiantou que “há ideias” de empresas, como a BYD, em “investir em Portugal”.
Esperamos que os governos europeus, e o português, possam tratar as empresas chinesas [de forma equitativa] e sem discriminação, porque as empresas vêm só para abrir mercado, para ganhar junto com as empresas europeias.
Disse o embaixador da China em Portugal, recordando que “no início, a China atraía investimento da Europa para desenvolver a indústria automobilística com sucesso; agora, a China também quer colaborar com a Europa não só para vender, mas para aprender, para conseguir um benefício recíproco, mútuo”.
Indústria automóvel da China está melhor do que na década de 1990
Na sua perspetiva, “mais empresas chinesas vão colaborar [com o mercado europeu] não só com baterias, mas com carros elétricos”, pois “a China tem carros, tem baterias, tem tecnologia, tem uma cadeia muito completa e isso ajuda a conseguir preços mais baratos”.
Reforçando a aposta prioritária no mercado interno, o embaixador não descartou o mercado externo, defendendo que a China “precisa primeiramente de um mercado suficiente para fazer fábricas”, sendo “Portugal um país importante” nesse sentido, porque “tem um mercado grande”, não apenas por ser membro da União Europeia, mas por ser um país CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Na conversa, Zhao Bentang reforçou que a China “é um país importante” na indústria dos carros elétricos, e rejeitou que se posicione apenas como a alternativa mais barata do mercado.
Afinal, o país reúne “diferentes empresas de carros elétricos de alta qualidade, de baixa qualidade, [é um mercado de produção] muito diversificado, por isso, provavelmente exporta para países em desenvolvimento carros mais baratos”.