Com clara consciência do seu domínio em matéria de terras raras, a China não facilitado a vida às empresas da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos da América (EUA). Numa espécie de trégua, contudo, o país asiático terá proposto um “green channel”.
No início de abril, o Ministério do Comércio da China impôs restrições à exportação de vários elementos de terras raras, amplamente utilizados nos setores automóvel, de defesa e de energia.
Alguns dos elementos de terras raras visados são componentes críticos para a produção de motores de combustão e veículos elétricos, por exemplo.
As restrições foram parte de uma resposta ao aumento das taxas impostas, por sua vez, pelo Presidente dos EUA Donald Trump sobre as importações de produtos oriundos da China.
Uma vez que a China é líder da cadeia de abastecimento de minerais críticos, estas restrições não tardaram a causar problemas e motivar avisos.
China sugere criar um “green channel” para exportação de terras raras
Com o impacto das restrições a fazer-se sentir, o Ministério do Comércio da China disse, recentemente, que estava disposto a estabelecer aquilo a que chamou “green channel” para pedidos de licença de exportação elegíveis, por forma a agilizar o processo de aprovação para empresas da UE.
Conforme partilhado pela CNBC, um porta-voz do Ministério do Comércio disse que o ministro chinês, Wang Wentao, expressou esperança de que a UE tome “medidas recíprocas” e adote medidas para promover o comércio compatível de produtos de alta tecnologia com a China.
Além da UE, a Reuters adiantou que a China terá concedido licenças de terras raras a fornecedores das gigantes automóveis americanas, incluindo a General Motors, Ford e Stellantis.
Na perspetiva de Maximilian Butek, diretor-executivo e membro do conselho da Câmara de Comércio Alemã na China, o anúncio foi certamente uma boa notícia para as empresas europeias.
É um enorme monstro burocrático que eles criaram e não tenho a certeza se agora podem realmente acelerar o processo e conceder as licenças àqueles que precisam delas
Avisou Butek, no Europe Early Edition da CNBC, esta segunda-feira, recordando que ainda não está claro se o canal acelerado se aplica a empresas grandes ou a setores mais amplos.
Apesar de a notícia ser positiva para as fabricantes europeias, Butek lembrou que é necessário que o bloco europeu melhore a diversificação da cadeia de abastecimento.
Ficámos todos bastante surpreendidos com o facto de a China estar disposta a jogar esta carta, porque se trata de uma medida de retaliação às taxas implementadas pelos EUA, certo? E nós, como empresas europeias, estamos agora no fogo cruzado desta escalada comercial, e isso não é realmente onde queremos estar.