A batalha pela liderança do mercado de veículos elétricos na China está a atingir um novo patamar: a Geely juntou-se às acusações da Great Wall contra a BYD, denunciando supostas irregularidades nos seus modelos híbridos e criticando os seus cortes agressivos de preços. A guerra de preços já está a abalar o setor e a colocar o seu maior player, a BYD, em evidência.
Duas das maiores fabricantes do país, a Great Wall Motor e a Geely, fizeram duras acusações contra a BYD — líder de mercado local — por supostas irregularidades nos seus modelos híbridos plug-in. De acordo com a agência ‘Reuters’, a Great Wall Motor informou aos órgãos reguladores chineses no ano passado que dois dos principais híbridos da BYD — o Qin Plus e o Song Plus — não atendiam aos padrões nacionais de emissões. Embora a BYD tenha rejeitado essas alegações, insistindo que os seus veículos cumprem os regulamentos atuais, as tensões aumentaram desde então.
O mais recente episódio foi a intervenção do presidente da Great Wall, Wei Jianjun, que confirmou no mês passado que a investigação regulatória ainda estava em marcha e criticou os cortes de preços como uma ameaça à sustentabilidade do setor. A BYD respondeu chamando essas declarações de “alarmistas”, sem entrar em detalhes sobre a questão técnica das emissões.
Este fim de semana, a polémica ganhou um novo rumo. O vice-presidente da Geely, Victor Yang, alinhou-se publicamente com a Great Wall durante uma conferência automóvel em Chongqing. “Wei Jianjun é uma pessoa genuína e honesta, e ele é o denunciante da nossa indústria”, sublinhou, afirmando que a Geely também apresentou evidências que sustentam as suspeitas sobre a BYD.
O cerne da disputa gira em torno do uso de tanques de combustível não pressurizados nos híbridos plug-in da BYD fabricados entre 2021 e 2023. Segundo a Great Wall, essa tecnologia permitiria maior evaporação do combustível, o que violaria os limites de emissões estabelecidos. A BYD, por sua vez, admitiu o uso desses tanques, mas defendeu a sua legalidade e afirmou que os substituiu após receber reclamações de clientes.
Esse confronto direto entre gigantes acontece em plenas tensões crescentes: a BYD provocou novo choque no mercado ao oferecer o seu modelo mais barato por 55.800 yuans (cerca de 7.770 dólares, perto de 6.800 euros), uma atitude que pressionou os rivais e derrubou o valor das ações em todo o setor.
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