Fomos para a estrada com o Polestar 3, um SUV que não deixa ninguém indiferente. Com uma autonomia ao nível do prometido, este modelo da marca sueca é um claro divisor de águas no seu segmento. Não é um automóvel barato, mas a qualidade tem sempre um preço.
Fernando Pessoa cunhou a expressão “primeiro estranha-se, depois entranha-se” para descrever um refrigerante. Com as devidas distâncias é um pouco o que acontece com toda a gente que se cruza com o Polestar 3. As cabeças viram e há quem se aproxime sem medos para ver de perto este modelo único da marca sueca.
A primeira impressão é, como tantas vezes, visual e o Polestar 3 não desilude. Este SUV de linhas esculpidas combina minimalismo escandinavo com uma agressividade contida, quase zen.
A frente apresenta uma nova linguagem de design da marca, com faróis em formato “martelo de Thor” e uma grelha fechada que sugere tanto eficiência como prestígio.
A silhueta é musculada, mas sem excessos. O tejadilho aplanado e a linha de cintura elevada transmitem estabilidade e presença. É um automóvel que impõe respeito, mas fá-lo com elegância, sem recorrer a dramatismos estéticos.
Atrás, uma faixa de LED contínua percorre toda a largura do veículo, assinando o design com um toque futurista.
O luxo do silêncio
Ao entrar no Polestar 3, somos envolvidos por um ambiente minimalista, uma espécie de galeria de arte contemporânea. Os materiais são sustentáveis (desde os têxteis de origem reciclada à microfibra vegana), mas não perdem, por um segundo, a sensação de qualidade premium.
O tabliê é dominado por um ecrã vertical de 14,5 polegadas com o sistema operativo Google Automotive integrado.
Fluido, intuitivo e funcional, permite controlar praticamente todas as funções do veículo. No entanto, a marca teve o bom senso de manter alguns comandos físicos essenciais, como os do volume e da climatização.
O espaço é generoso, como se espera de um SUV deste segmento. Mas mais do que espaço, é a sensação de serenidade que impressiona.
Em andamento, o isolamento acústico é notável, potenciando aquela tranquilidade quase espiritual que só os elétricos mais bem concebidos conseguem oferecer.
Potência com propósito
Debaixo da carroçaria escultural, o Polestar 3 esconde um sistema de dupla motorização elétrica que debita até 517 cv e 910 Nm de binário na versão Performance. Números impressionantes, mas que são entregues de forma progressiva, quase elegante, sem sobressaltos.
A aceleração dos 0 aos 100 km/h faz-se em 4,7 segundos, o que é mais do que suficiente para colar um sorriso ao rosto de qualquer entusiasta sem, no entanto, comprometer o conforto.
A autonomia ronda os 610 km (WLTP) na versão Long Range Dual Motor, o que o coloca entre os melhores da sua classe. E graças ao sistema de carregamento rápido até 250 kW, é possível recuperar 80% da bateria em cerca de 30 minutos, o que transforma qualquer pausa para café numa recarga eficaz.
Na versão que testámos, a autonomia anunciada não andou longe da real, o que faz deste Polestar 3 um dos modelos mais “cumpridores” em termos de autonomia.
O lado dinâmico da sustentabilidade
Apesar das dimensões e do peso considerável, o Polestar 3 surpreende pela agilidade. A suspensão adaptativa, associada à tração integral, oferece uma condução sólida, segura e até divertida nas curvas mais exigentes.
O centro de gravidade, bastante baixo graças ao pack de baterias no piso, confere estabilidade e confiança.
A direção é precisa e bem calibrada, e o sistema de regeneração da travagem pode ser ajustado, permitindo uma condução serena com a funcionalidade One Pedal, especialmente útil em ambiente urbano.
O Polestar 3 não é apenas mais um SUV elétrico no mercado. É uma declaração de intenções. A Polestar, marca nascida sob a alçada da Volvo, mostra aqui que sabe jogar no campeonato dos grandes e fá-lo com identidade própria, com uma visão clara de futuro e uma execução irrepreensível.
Não é um carro acessível, com preços na casa dos 90 mil euros, mas também não é um carro comum. É uma proposta séria para quem procura um automóvel premium, sustentável e tecnologicamente avançado, sem abdicar do prazer de condução.