Apagão teve origem na central fotovoltaica da Iberdrola em Badajoz

Apagão teve origem na central fotovoltaica da Iberdrola em Badajoz

Registado no dia 28 de abril, o apagão que deixou a Península Ibérica às escuras ainda intriga os governos, as empresas e os cidadãos, que procuram uma justificação para o ocorrido. Agora, várias semanas depois, sabe-se que o incidente teve origem na central fotovoltaica da Iberdrola, em Badajoz.

As autoridades responsáveis pelas investigações do apagão concluíram que o incidente foi provocado por uma “conjugação de fatores”, sem atribuir uma única causa determinante.

Segundo o jornal Público, o relatório que a Rede Eléctrica de Espanha (REE), a entidade que coordena o sistema elétrico espanhol, elaborou e apresentou quarta-feira refere que “o início do histórico apagão de 28 de abril” foi atribuído ao “mau funcionamento” de uma central fotovoltaica localizada em Badajoz.

Contudo, uma vez que a legislação espanhola obriga a omitir a sua identidade, o nome da empresa que explora o equipamento não foi divulgado.

Entretanto, o jornal espanhol El Diário confirmou que o apagão teve origem na mega central fotovoltaica Núñez de Balboa da Iberdrola, localizada no município de Usagre a cerca de uma centena de quilómetros da fronteira com Portugal.

Foi esta central que, meia hora antes do colapso energético, ao gerar 250 MW, “começou a produzir oscilações anómalas” que a REE atribui a “um mau funcionamento de um controlo interno” ou “uma anomalia interna (…) que o proprietário deve esclarecer”, segundo o jornal espanhol.

Com cerca de 1000 hectares e 1.430.000 painéis fotovoltaicos, a central fotovoltaica produz aproximadamente 832 GWh/ano, e fornece energia a 250 mil casas.

Segundo o relatório técnico, a central Núñez de Balboa da Iberdrola presentou um comportamento instável e atípico para uma instalação solar, com flutuações bruscas de potência reativa e ativa, algo mais comum em centrais nucleares ou a gás.

Em apenas alguns segundos, a geração da central oscila com uma amplitude pico a pico de cerca de 70% da produção que tinha imediatamente antes da oscilação.

Esse comportamento contrasta com o de outras centrais que utilizam a mesma tecnologia conectadas ao mesmo nó ou a nós próximos.

Lê-se no documento, publicado pelo Governo espanhol.

 

Iberdrola rejeita responsabilidades sobre o apagão ibérico

Questionada pelo El Diário, a Iberdrola rejeitou qualquer responsabilidade e acusou a REE de uma gestão “imprudente e negligente”, segundo algumas fontes, citadas pela CNN Portugal.

A empresa defende que cumpriu todos os protocolos estabelecidos de forma “impecável” e criticou a operadora por não ter conseguido controlar o sistema face às perturbações.

Também o Governo espanhol responsabiliza a REE, apontando uma má gestão da reserva técnica, essencial para estabilizar o sistema em momentos críticos.