Carros chineses estão ao ataque: quais são as marcas tradicionais mais ameaçadas do mundo?

A expansão global é parte fundamental dos objetivos da China de longo prazo, pois precisam diversificar as vendas e encontrar novas fontes de crescimento

Carros chineses estão ao ataque: quais são as marcas tradicionais mais ameaçadas do mundo?

Com ou sem tarifas, as marcas automóveis chinesas estão a chegar a todos os lugares, até mesmo aos Estados Unidos. A expansão global é parte fundamental dos objetivos da China de longo prazo, pois precisam diversificar as vendas e encontrar novas fontes de crescimento. O mercado automobilístico chinês está extremamente saturado e enfrenta uma acirrada guerra de preços. As exportações podem ajudar a compensar os desafios domésticos.

Até ao momento, a expansão chinesa tem-se concentrado principalmente no Sudeste Asiático (Tailândia, Malásia, Indonésia), Austrália e Nova Zelândia, Ásia Central (Cazaquistão, Usbequistão), Rússia e Bielorrússia, Médio Oriente e alguns países africanos e latino-americanos (Brasil, Chile, Peru e México). A Europa está entre os seus alvos, mas a expansão está a progredir mais lentamente em comparação com outros mercados devido a regulamentações e tarifas.

Enquanto empresas como BYD, Geely, Chery, Changan, GWM e SAIC continuam a ganhar terreno nos mercados globais, os seus concorrentes no Japão, Coreia, Europa e Estados Unidos continuam a sentir o impacto. Quais são as marcas tradicionais mais expostas à expansão chinesa?

Fiat na Europa

A icónica marca italiana já havia perdido participação de mercado significativa antes mesmo da chegada dos chineses: caiu de 8,4% em 1995 (5ª marca mais vendida) para 4,8% em 2005 (8ª), depois para 4,5% em 2015 (9ª) e para 2,3% no primeiro trimestre de 2025 (18ª).

A Fiat perdeu o seu apelo devido à falta de modelos competitivos e ao envelhecimento da sua linha atual. A empresa não se conseguiu posicionar claramente e encontra-se numa zona cinzenta entre marcas de baixo custo e marcas tradicionais. Além disso, chegou atrasada ao boom dos SUV e dos veículos elétricos. Outras vítimas potenciais incluem Citroën, Renault, Seat e Ford.

Nissan no Sudeste Asiático

Os problemas contínuos na gestão global após a prisão de Carlos Ghosn e a falta de uma estratégia clara para veículos elétricos não estão a ajudar a marca japonesa a enfrentar os concorrentes chineses. Segundo dados da JATO, a participação de mercado combinada da marca na Malásia, Tailândia e Indonésia caiu de 5,2% em 2015 (8ª posição) para 0,7% no primeiro trimestre de 2025 (17ª posição).

BYD, Chery, Wuling, MG e até Denza ultrapassaram a Nissan. O principal motivo: a falta de carros elétricos competitivos. Mitsubishi e Suzuki também estão expostas.

Chevrolet na América do Sul

Embora ainda forte em países como Brasil, Argentina, Equador e Colômbia, a marca americana luta para manter uma identidade coerente. Alguns mercados recebem produtos americanos (SUV e pick-up grandes), enquanto outros continuam a receber modelos chineses com a nova identidade da joint-venture com a SAIC e a Wuling.

A operação brasileira está a sofrer com o crescimento da BYD, e a produção mexicana está agora ameaçada pelas tarifas propostas por Trump. Volkswagen, Renault, Fiat e Hyundai também estão a sentir o impacto do crescimento chinês.

Toyota na Ásia Central

A marca japonesa sempre foi referência para quem procura um SUV grande (Land Cruiser) ou um sedã (Camry). No entanto, como a Toyota importa a maioria dos seus veículos para a região, os seus preços estão a tornar-se pouco competitivos diante do fluxo massivo de marcas chinesas. Cazaquistão e Tajiquistão são dois exemplos de como a procura está a mudar, sendo que vale o mesmo para outras marcas japonesas.

Lada na Rússia

Apesar da proteção oferecida pelo Estado russo, a Avtovaz (Lada) é extremamente vulnerável à onda de ofertas chinesas que inundam o mercado russo. A Lada ainda utiliza tecnologias ultrapassadas para produzir os seus carros: no entanto, conseguem ser económicos e, por enquanto, são a única opção para muitos russos de baixa rendimento.

No entanto, com a chegada de rivais chineses a oferecer modelos cada vez mais acessíveis nos segmentos de entrada, a Lada precisa de se atualizar para sobreviver.

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