Já tinha ensaiado há algumas semanas o XPENG G6 e as impressões tinham sido muito positivas. Tratava-se de um SUV bem construído, alinhado com as boas práticas da indústria, apelativo, bastante tecnológico e com um comportamento muito rigoroso.
Agora foi-me dada a oportunidade de experimentar o sedan P7 que, obviamente, está cá para competir com modelos como Model 3 e e os modelos da Volkswagen e Stellantis.
Uma marca quando tenta entrar num novo mercado tem, acima de tudo, de criar/apresentar uma proposta de valor que a diferencia da concorrência. Pode ser a qualidade, garantia, o desenho, a tecnologia ou uma mistura de ambas. E tal por vezes não é fácil de conseguir pois obedece a muitos estudos de mercado, a muito trabalho de investigação e desenvolvimento, a muitas horas na fábrica, temas que a XPENG recriou com sucesso.
O certo é que o P7 acaba por não deixar ninguém indiferente – uma marca que só começou em 2014 e que tem como acionistas Alibaba, Grupo VW via Porsche, está cotada na bolsa de Nova Iorque e Hong Kong, a par de outros grupos de investimento – e que condensou nele muitas características que o tornam um produto extremamente competitivo.
Julgá-lo pelo seu desenho exterior é sempre tarefa difícil pois depende do gosto de quem o ensaia, sendo que pessoalmente considero que estas linhas traçadas pela XPENG são diferenciadoras, algo futuristas, mas acima de tudo transmitem dinamismo e desportividade.
O P7 mantém a assinatura X-BOT Face da XPENG com uma linha de capot rebaixada e silhueta aerodinâmica, com os puxadores de porta embutidos e com a parte inferior da carroçaria plana.
A identidade visual na dianteira utiliza um assinatura luminosa que percorre toda a largura do modelo, com os pára-choques a incorporar as luzes de presença. As formas são suaves e muito em sintonia com o design alemão que transmitem robustez, para terminar numa traseira de belo efeito visual.
O interior é pautado por um tablier diferente do habitual, mais baixo que o normal, com linhas direitas e que incorpora nele um ecrã único com o painel de instrumentos e ecrã de info entretenimento. O volante é distinto do G6, mantém uma forma não circular que parece ser moda ou talvez os ergonomistas tenham encontrado aqui uma justificação muito forte para o fazerem. Certo é que estas formas funcionam bem, são práticas, ergonómicas e intuitivas. Relativamente ao sensor que deteta as distrações e cansaço do condutor não se encontra no pilar A mas atrás do volante.
A ergonomia é algo que não dá para descrever com precisão mas que se sente ao entrar em qualquer automóvel. Os envolventes bancos em pele são elétricos, aquecidos e refrigerados, sendo que também podem ser regulados mais em detalhe no ecrã central e conseguimos interagir com naturalidade em todo o habitáculo. Sinal que o trabalho foi bem feito.
A consola central possui dois patamares, sendo a mais baixa para guardar objetos de maiores dimensões e a superior reservada para os carregamentos por indução , dois porta copos e um alçapão para guardar também objetos.
Olha-se para o interior do P7 e perceciona-se que existe qualidade de construção, de materiais e atenção ao detalhe, que mais tarde se comprovam em estrada. A XPENG concentrou no P7 todas as funções no écra central, que além de bem desenhado e com as polegadas suficientes, possui um software completo e fácil de utilizar: intuitivo. A visibilidade para trás é mais reduzida com um óculo traseiro mais pequeno mas suportado por um um conjunto de sensores e câmaras que resolvem qualquer problema.
Em termos dinâmicos ressalta logo de início a facilidade de condução, sendo certo que este modelo não é pequeno e exige alguns cuidados. A primeira sensação que fica quando circulamos com o P7 passa pela insonorização muito bem conseguida, onde não se notam ruídos exagerados de rolamento, pelo conforto e envolvência do interior. Fazendo o paralelismo com o G6, o P7 aposta mais da eficácia do que no conforto – num estilo muito germânico que aprecio. Tanto a direção como os modos de condução são parametrizáveis, sendo que, pessoalmente prefiro uma direção pesada e utilizo o modo standard de condução.
Pode tratar-se de um lugar comum mas o certo é que o P7 é uma viatura muito boa e muito agradável de conduzir. Trata-se de um bom produto que compete num mercado muito concorrencial e que tem ótimos argumentos. O comportamento é muito rigoroso, a direção é precisa e os quilómetros passam sem nos apercebermos sendo ajudado também por um bom sistema de condução autónoma.
A autonomia também deixa de ser um problema pois facilmente conseguimos fazer 400 quilómetros em autoestrada (onde as baterias não regeneram) mantendo uma velocidade de cruzeiro dentro dos limites legais.
Pela minha experiência no marketing e comunicação diria que este modelo não tem nada para ficar atrás da concorrência, onde para o dar a conhecer necessita de uma boa campanha de comunicação e promoção assente nos valores que definem a marca transmitindo aquilo que hoje o consumidor o consumidor procura – autenticidade, rigor, sustentabilidade – e que temos visto nas campanhas dos media que a marca promove.
Preços do XPENG P7 Long Range, single motor no valor de 40.350€ + IVA, e P7 Performance (473cv e tração integral) a partir de 62.000€
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