Contramão, travagens bruscas e manobras perigosas: Autoridades dos EUA investigam robotáxis da Tesla após vídeos revelarem falhas

Vídeos captados nos primeiros dias de testes do novo serviço de robotáxis da Tesla, em Austin, no Texas, mostram veículos a circularem na faixa errada, a travarem de forma brusca e sem motivo, e a executarem manobras perigosas em plena via pública.

Contramão, travagens bruscas e manobras perigosas: Autoridades dos EUA investigam robotáxis da Tesla após vídeos revelarem falhas

Vídeos captados nos primeiros dias de testes do novo serviço de robotáxis da Tesla, em Austin, no Texas, mostram veículos a circularem na faixa errada, a travarem de forma brusca e sem motivo, e a executarem manobras perigosas em plena via pública. A Administração Nacional para a Segurança Rodoviária dos Estados Unidos (NHTSA) confirmou, esta terça-feira, ter solicitado informações à Tesla sobre estes incidentes, avançou a agência Associated Press (AP).

O sistema de condução autónoma da Tesla, que alimenta a nova frota de robotáxis lançada há apenas quatro dias, está novamente sob escrutínio das autoridades federais. A investigação surge depois de vários vídeos, partilhados nas redes sociais, revelarem comportamentos erráticos dos veículos. Num dos casos mais partilhados, um Tesla entra indevidamente numa faixa exclusiva para virar à esquerda e acaba por atravessar um cruzamento, invadindo a via contrária durante cerca de dez segundos. Noutro vídeo, um robotáxi trava subitamente no meio da estrada, aparentemente em resposta a luzes de carros da polícia parados nas imediações, embora sem qualquer relação direta com o veículo da Tesla.

Here’s my entire first Tesla Robotaxi trip from start to finish. Ten miles across south Austin. Timestamps in comments. pic.twitter.com/cr6y4z1UWB

— Rob Maurer (@TeslaPodcast) June 22, 2025

A empresa liderada por Elon Musk ainda não respondeu publicamente à investigação, mas o caso já começou a afetar os mercados. As ações da Tesla subiram 8% na segunda-feira, após o início do serviço, mas recuaram mais de 2% na terça-feira com o anúncio da intervenção da NHTSA. Apesar da polémica, Dan Ives, analista da Wedbush Securities, que experimentou um robotáxi no fim de semana, descreveu a viagem como “perfeita” e classificou os erros captados em vídeo como “problemas menores” que serão resolvidos. Pelo contrário, especialistas como Sam Abuelsamid, da Telemetry Insight, alertam para a gravidade dos erros: “O sistema continua a apresentar falhas perigosas e aleatórias, e não devia estar a operar com passageiros nem a ser testado em vias públicas sem condutores de segurança”, afirmou.

A Tesla já esteve envolvida noutros episódios semelhantes com o seu software de condução autónoma Full Self-Driving, alvo de uma investigação por parte da NHTSA desde o ano passado, após múltiplos acidentes — um deles fatal — em condições de baixa visibilidade. A empresa teve mesmo de proceder à recolha de 2,4 milhões de veículos.

A polémica surge num momento em que Musk aposta fortemente no mercado de robotáxis como uma revolução no setor automóvel. O empresário insiste que os veículos autónomos da Tesla serão mais seguros do que condutores humanos e planeia ter “centenas de milhares” de unidades na estrada até ao final do próximo ano. Contudo, o cenário competitivo é cada vez mais desafiante, com empresas como a Waymo, da Google, e a Zoox, da Amazon, já a operarem serviços de táxis autónomos noutras cidades norte-americanas — e com resultados mais consolidados.

Além das dificuldades técnicas, Musk enfrenta também críticas políticas e comerciais. As suas posições públicas, nomeadamente o apoio a figuras da extrema-direita nos EUA e na Europa, têm afastado parte dos consumidores da base tradicional da Tesla, especialmente os mais ambientalistas e progressistas. Em mercados como França e Alemanha, esta quebra de imagem também já se traduziu em ações judiciais e perda de quota de mercado.

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