A bateria é um dos componentes que mais pesa no preço de um veículo elétrico e aquele que os potenciais clientes mais temem precisar de substituir. Apesar desta ideia, de que a bateria de um veículo precisará de ser mudada a curto ou médio prazo, um estudo concluiu que este componente pode durar 20 anos ou até mais.
A Geotab, líder global no mercado de soluções de transporte conectadas, analisou o estado das baterias de aproximadamente 5000 veículos elétricos (comerciais e particulares), num total de 1,5 milhões de dias de dados.
Os dados, publicados em setembro de 2024, destacaram como as baterias se degradam, em média, 1,8% ao ano – em comparação com 2,3% quando a Geotab realizou a última análise abrangente da saúde deste componente em veículos elétricos em 2019 -, e geralmente mais lentamente do que os componentes do sistema de transmissão dos motores de combustão interna (ICE).
De acordo com David Savage, vice-presidente da Geotab para o Reino Unido e Irlanda, “com estes níveis mais elevados de saúde sustentada, as baterias dos modelos mais recentes de veículos elétricos irão facilmente ultrapassar a vida útil do veículo e provavelmente não precisarão de ser substituídas”.
No entanto, ainda vemos a fiabilidade das baterias a ser usada como um argumento para criticar os veículos elétricos. Esperamos que dados como os nossos possam finalmente acabar com esses mitos.
O facto é que um declínio de 1,8% na saúde da bateria provavelmente não terá um impacto significativo nas necessidades diárias da maioria dos condutores, e esse número só diminuirá ainda mais com os novos modelos de veículos elétricos e a tecnologia de baterias aprimorada.
Para David Savage, “as pessoas devem sentir-se confiantes de que muitos veículos elétricos atuais são adequados e económicos para substituir uma variedade de veículos térmicos – leves, médios e pesados”.
Processo de degradação
Citando a Geotab, “a degradação da bateria é um processo natural que reduz permanentemente a quantidade de energia que uma bateria pode armazenar ou a quantidade de energia que pode fornecer”.
As baterias dos veículos elétricos geralmente podem fornecer mais energia do que os componentes do motor de força podem suportar, pelo que a degradação da potência raramente é observável nos veículos elétricos. Nestes casos, apenas a perda da capacidade da bateria de armazenar energia é relevante.
A condição de uma bateria de veículo elétrico é chamada de estado de saúde (SOH). O componente começa a sua vida com 100% de SOH e, com o tempo, deteriora-se. Por exemplo, uma bateria de 60 kWh com 90% de SOH funcionaria, na realidade, como uma de 54 kWh.
Os modelos de veículos elétricos com melhor desempenho na análise atualizada da Geotab apresentaram uma taxa de degradação da bateria de apenas 1,0%.
Para que alguns modelos de veículos, em média, se degradem mais rapidamente do que outros podem contribuir os seguintes fatores:
- Química da bateria;
- Gestão térmica do conjunto de baterias.
Bateria varia entre modelos
Embora os veículos elétricos atuais utilizem principalmente baterias de iões de lítio, existem variações de químicas de iões de lítio, que vão influenciar como o componente responde ao stress.
Além da química das células, as técnicas de controlo de temperatura diferem entre os modelos de veículos: uma grande diferença é se o conjunto de baterias é arrefecido e/ou aquecido por ar ou líquido.
Segundo a própria Geotab, “uma conclusão potencialmente surpreendente” é que os veículos elétricos de uso intenso não apresentaram uma degradação da bateria significativamente maior do que os outros.