A construtora automóvel francesa Renault anunciou hoje uma alteração no tratamento contabilístico das ações da Nissan que ainda possui, provocando uma perda contabilística pontual de 9,5 mil milhões de euros.
A participação de 15% do grupo Renault na sua parceira japonesa, cujo valor desabou, não será mais contabilizada nos seus resultados: a partir de agora, será considerada um ativo financeiro, informou a empresa francesa em comunicado.
“Qualquer variação no valor justo da participação na Nissan (estimado com base no preço de mercado da Nissan) será contabilizada diretamente no capital próprio, sem impacto no resultado líquido do Grupo Renault”, precisou a empresa.
O fabricante francês registou uma perda de 8 mil milhões de euros em 2020, devido a uma queda nas vendas relacionada, em particular, com a pandemia covid-19, mas também com maus resultados da Nissan.
Desde então, o grupo reforçou a sua oferta de veículos e recuperou os lucros, travados, no entanto, pela queda do valor das suas ações da Nissan.
Em 2024, o fabricante francês anunciou um lucro líquido de 800 milhões de euros, sem a Nissan, teria atingido 2,8 mil milhões.
A alteração anunciada hoje não tem “impacto” no fluxo de caixa da Renault nem no cálculo dos dividendos, e não está relacionada com a saída anunciada do diretor-geral da Renault, Luca de Meo, precisou o grupo.
O montante de 9,5 mil milhões de euros corresponde à diferença entre o valor contabilístico atual da participação da Renault na Nissan (1.326 milhões de ações) e “o seu valor justo estimado com base na cotação” da bolsa do grupo japonês na segunda-feira à noite.
Esta alteração contabilística “marca uma rutura estrutural com décadas de consolidação com o método de equivalência patrimonial” e simplifica os resultados da Renault, saudaram os analistas da Oddo BHF numa nota.
O grupo Renault confirmou os seus objetivos financeiros para o ano de 2025, que preveem, nomeadamente, uma margem operacional que deverá melhorar entre o primeiro e o segundo semestre, nomeadamente com o lançamento de novos modelos, incluindo o SUV Dacia Bigster.
Esta alteração contabilística “não altera de forma alguma os compromissos estratégicos e operacionais entre o grupo Renault e a Nissan”, salientou o grupo francês.
O fabricante europeu recebeu 8 mil milhões de euros em dividendos da Nissan desde o início da aliança, informou.
Após anos de projetos comuns, a Nissan e a Renault, bem como o seu parceiro japonês Mitsubishi, começaram a desfazer a sua aliança em 2023.
No final de março de 2025, anunciaram que iriam reduzir a sua participação no capital de cada uma para 10%, contra os atuais 15%.
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