China inaugura o seu primeiro parque solar flutuante no mar: 16,7 milhões de kWh anuais

China inaugura o seu primeiro parque solar flutuante no mar: 16,7 milhões de kWh anuais

A transição energética ganhou um novo palco: o oceano. A China acaba de inaugurar a sua primeira central solar flutuante em mar aberto, um projeto pioneiro liderado, de forma surpreendente, por uma das maiores petrolíferas do mundo.

China tem um parque solar gigante a flutuar na costa de Shandong

A Sinopec, uma das gigantes estatais chinesas do setor petrolífero, anunciou através de um comunicado de imprensa a conclusão do primeiro projeto fotovoltaico flutuante em água salgada do país a operar à escala industrial. A responsabilidade da construção coube à sua subsidiária, a Qingdao Refining and Chemical Company.

Localizada em Qingdao, na província costeira de Shandong, a nova central solar estende-se por uma área marítima de 60.000 metros quadrados. Com uma capacidade instalada de 7,5 megawatts, prevê-se que a estrutura consiga gerar cerca de 16,7 milhões de kWh de eletricidade anualmente, o suficiente para abastecer milhares de casas e impulsionar a indústria local.

Implementar uma central solar em mar aberto não é uma tarefa simples. Para superar os desafios impostos pelo ambiente marinho, como a corrosão salina, a ondulação e a vida marinha, a Sinopec desenvolveu soluções inovadoras em parceria com empresas chinesas especializadas em materiais e estruturas.

Entre as principais inovações, destacam-se os flutuadores e suportes projetados para resistir ao nevoeiro salino e à fixação de cracas, o que prolonga a vida útil de toda a infraestrutura. Adicionalmente, foi implementado um sistema de ancoragem marítima capaz de suportar ventos de nível 13 –  equivalentes a um tufão – e variações de maré até 3,5 metros.

Uma das soluções mais engenhosas é a utilização de painéis solares que sobem e descem em sincronia com a maré. Esta tecnologia permite reduzir a distância entre os módulos e a superfície da água para apenas um décimo do que seria necessário numa estrutura tradicional. A proximidade com a água melhora a dissipação do calor, o que resulta num aumento de eficiência energética estimado entre 5% e 8%.

O futuro verde da gigante petrolífera

Este projeto é apenas a primeira fase de um plano maior. A Sinopec já confirmou a expansão da central com uma unidade adicional de 23 MW, que irá quadruplicar a capacidade de geração de energia do parque em Qingdao.

A iniciativa integra-se numa estratégia de transformação energética mais ampla da petrolífera, que encara o pico da procura de petróleo na China, previsto para 2027. O complexo de Qingdao já alberga outras apostas em energias limpas, como a primeira estação de reabastecimento de hidrogénio “neutra em carbono” do país e o primeiro projeto de produção de hidrogénio a partir de água do mar numa unidade industrial.

No seu roteiro para um futuro mais sustentável, a Sinopec planeia desenvolver 10.000 centrais fotovoltaicas até 2027, expandir a sua capacidade de aquecimento geotérmico e consolidar a maior rede de estações de hidrogénio do mundo.

A aposta da Sinopec na energia solar offshore alinha-se com uma tendência internacional em crescimento. Países como a Índia já implementaram grandes parques solares flutuantes em reservatórios, como o de Ramagundam. O Japão, por sua vez, conta com centenas de pequenas centrais em lagos e albufeiras urbanas, enquanto Singapura inaugurou em 2021 uma das maiores centrais solares flutuantes urbanas do mundo.

 

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