O hidrogénio é, para muitos, a alternativa mais viável à combustão interna – acima até dos veículos elétricos a bateria. No entanto, além de todos os problemas que o tempo não parece estar a resolver, um novo relatório ainda reforçou, agora, que este combustível emite quase tanto CO2 quanto os modelos híbridos.
Embora o reabastecimento seja muito mais rápido do que carregar uma bateria, o hidrogénio não tem convencido nem os governos, nem as empresas, nem tão-pouco os clientes.
De facto, existe uma lacuna considerável em termos de infraestrutura; a produção é cara e, para já, maioritariamente pouco limpa; e a distribuição e armazenamento ainda representam um desafio.
A par de tudo isto, as fabricantes não apostam em modelos alimentados por células de combustível de hidrogénio, num círculo vicioso que dificulta o crescimento desta alternativa.
Entretanto, um relatório de julho, produzido pelo International Council on Clean Transportation (ICCT), apresenta uma estimativa das emissões de gases com efeito de estufa dos veículos vendidos na União Europeia (UE) em função da sua mecânica.
A análise tem em conta o impacto ambiental na sua fabricação, utilização, reparação e até na sua eliminação ao longo de uma vida útil média de 20 anos.
Os resultados reforçam o que muitos analistas indicam sobre os carros elétricos a bateria serem os mais limpos nestes pontos.
Estes modelos são frequentemente destacados, por não serem poluentes durante a sua utilização. Contudo, carregar as suas baterias e, sobretudo, fabricá-las, exige energia, por vezes, poluente – exceto quando são utilizadas energias renováveis.
Hidrogénio verde seria a alternativa menos poluente
Apesar dos senãos mencionados, em comparação com os veículos a combustão, híbridos e a hidrogénio, os carros elétricos puros continuam a ganhar. Isto, se retirarmos da equação o hidrogénio verde.
Com os meios atuais de produção de hidrogénio, o relatório calculou que, na Europa, estes veículos têm emissões semelhantes às dos híbridos convencionais.
Emissões de gases com efeito de estufa ao longo do ciclo de vida dos automóveis de passageiros de segmento médio vendidos na UE, em 2025. Fonte: ICCT
Afinal, em 2023, 90% do hidrogénio produzido mundialmente provinha do gás natural, através de um processo no qual o metano reage com vapor a alta temperatura e o CO2 surge como um subproduto.
A solução para este senão seria poder fabricar hidrogénio, em massa, utilizando eletricidade renovável – o chamado hidrogénio verde.
Para já, no entanto, o hidrogénio verde não é produzido nem está disponível em grande escala na Europa, além de ainda ser muito caro: apenas 0,4% do hidrogénio mundial foi produzido em 2023 por eletrólise.
De acordo com o ICCT, relativamente a modelos vendidos em 2025:
- Um carro elétrico a bateria emitirá em média 63 gramas de CO2 por quilómetro – 73% menos do que um carro a combustão;
- Um carro movido a célula de combustível de hidrogénio emitirá em média 175 gr/km – 26% menos do que um carro a combustão e em níveis semelhantes aos híbridos convencionais e plug-in.
Caso o hidrogénio fosse proveniente de energias renováveis, as suas emissões cairiam drasticamente para 50 gr/km, menos ainda do que os elétricos puros.
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