Não é o primeiro executivo a criticar a União Europeia (UE) e não é, além disso, a primeira vez que aponta falhas à estratégia do bloco. Em mais uma partilha de descontentamento, o diretor-executivo da BMW disse que a política europeia em matéria de carros é “um desastre”.
Numa aparição, em Munique, o diretor-executivo da BMW partilhou algumas perspetivas, nomeadamente em relação à conjuntura atual da indústria automóvel, resumindo a política europeia nesta matéria como “um desastre”.
Segundo Oliver Zipse, em primeiro lugar, a marca alemã não está preocupada com a imposição de taxas pelos EUA sobre produtos provenientes da Europa.
Na sua opinião, “há um resultado com o qual podemos lidar”. Além disso, apesar de os EUA planearem impor taxas de até 30% à Europa, a BMW vê margem para compensar as importações e exportações.
Neste cenário, o executivo da BMW defende um consenso entre ambas as partes que beneficie as empresas multinacionais de origem europeia, pois outra abordagem “só promoverá uma espiral tarifária que prejudicará ambas as partes”.
A taxa tarifária mais alta na nossa indústria vem de Bruxelas, não da Casa Branca.
Disse Zipse, referindo os 31% aplicados às importações da China, que prejudicam as empresas europeias que, como a BMW, produzem em solo asiático: “Às vezes temos a impressão de que os políticos na Europa se esquecem de que as empresas europeias estão ativas em todo o mundo”.
Será a Europa a erguer as barreiras às fabricantes?
Claramente contra a posição política da UE em matéria automóvel, o diretor-executivo da BMW criticou duramente a proibição de vender carros novos com motor de combustão a partir de 2035, não dando outra alternativa que não seja o carro 100% elétrico.
Na sua perspetiva, o sistema atual é “um desastre” e coloca em risco a indústria automóvel europeia, por aniquilar toda a possibilidade de investimento.
O executivo partilhou que espera que esta regulamentação seja revogada num prazo máximo de três anos, pois é “muito cara”, e argumentou que, para controlar as emissões poluentes, a UE deveria considerar todo o ciclo de vida dos veículos e não apenas as emissões emitidas pelos seus tubos de escape.
Embora não sejam viáveis para a UE, o executivo mencionou os combustíveis sustentáveis, que poderiam ser uma forma de descarbonizar os carros a combustão usados, tendo em conta que estes continuarão a circular nas estradas depois de 2035.
Segundo Zipse, sustentando-se no enfraquecimento das vendas de carros elétricos, globalmente, “não se pode estabelecer um objetivo regulatório e acreditar que ele será alcançado”.
Aliás, conforme alertou, com a rede elétrica atual, apenas metade da frota de veículos poderia ser eletrificada, com a transição elétrica completa a demorar três a quatro décadas.