Após a saturação do mercado doméstico, as fabricantes chinesas estão a expandir-se, por via de processos de internacionalização que os dados mostram estarem a ser um sucesso. Com a BYD a liderar o caminho, há outros nomes a posicionarem-se no topo dos gráficos, com seis das 10 marcas mais vendidas no mundo a serem da China.
Seis das 10 maiores marcas de veículos elétricos do mundo em vendas, no ano passado, foram chinesas. Lideradas pela BYD, que ocupa um lugar de claro destaque, as fabricantes chinesas estão a expandir os seus negócios, internacionalizando a sua atividade.
Conforme explorado pelo website Autovista24, citado pela Rest of World, as empresas não estão apenas a comercializar os seus carros fora da China. Por sua vez, têm procurado construir ecossistemas, com infraestruturas de fabrico e prestação de serviços.
As empresas chinesas de veículos elétricos não estão apenas a exportar produtos. Elas estão a exportar capacidade.
Disse Robert Khachatryan, diretor-executivo da Freight Right Global Logistics.
Para Jie Shi, advogado especializado em disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China, com sede em Nova Iorque, “a produção localizada […] cria empregos locais – algo que torna os governos mais recetivos a receber marcas chinesas”.
A internacionalização reflete o amadurecimento da indústria de veículos elétricos da China, cujas marcas já se posicionam ao lado – e, por vezes, à frente – de grandes players globais.
A próxima fase colocará as fabricantes chinesas à prova, testando a sua capacidade de manter as vantagens de custo à medida que reforçam a lealdade à marca e a qualidade do serviço.
Ofensiva da China enfrenta desafios
As vantagens competitivas das empresas chinesas que impulsionam a expansão resultam de cortes agressivos de custos em toda a cadeia de valor e custos mais baixos de matérias-primas. Esta fórmula torna os veículos chineses altamente competitivos em termos de preço.
Segundo Teymour Bourial, sócio fundador da ExoPeak Partners, uma empresa francesa de consultoria em estratégia de sustentabilidade, “isto torna-os aptos para terem sucesso em regiões emergentes”.
De acordo com dados do setor, aliás, as marcas chinesas dominaram os mercados em desenvolvimento, no ano passado, conquistando 85% das vendas de veículos elétricos no Brasil e na Tailândia.
A Wuling teve particular sucesso nos mercados do Sudeste Asiático, como a Indonésia, com os seus mini veículos elétricos compactos e acessíveis.
Apesar de a idade média dos seus veículos ser de apenas 1,6 anos, em comparação com 5,4 anos para marcas estrangeiras, as fabricantes chinesas controlam, agora, 70% da produção global de carros elétricos.
Além disso, os ciclos de desenvolvimento de produtos foram reduzidos para apenas 18 meses, enquanto as marcas ocidentais ainda operam com prazos de quatro a cinco anos.
Entretanto, a qualidade do serviço das empresas da China continua a ser um desafio para as fabricantes de automóveis.
Uma coisa é construir um ótimo carro, mas se não consegue fazer a manutenção ou entregar peças rapidamente, isso torna-se uma dor de cabeça para os compradores.
Expôs Zoriy Birenboym, diretor-executivo da empresa de leasing de automóveis eAutoLease, com sede em Nova Iorque.
Segundo Patrick Peterson, especialista em automóveis da empresa de dados históricos de veículos Goodcar, as fabricantes chinesas estão “a fazer baixar os preços dos veículos elétricos, a acelerar os ciclos de produção, e a exercer uma pressão imensa sobre as fabricantes de automóveis tradicionais e as startups para que se adaptem rapidamente ou arrisquem tornarem-se irrelevantes”.
Na sua perspetiva, este crescimento desenfreado, “é um alerta” para o resto da indústria.