Não gosta de carros elétricos? Provavelmente nunca conduziu nenhum!

Não gosta de carros elétricos? Provavelmente nunca conduziu nenhum!

Não somos de apostas, mas o mais provável é mesmo que quem empunha a bandeira contra a mobilidade elétrica nunca tenha conduzido um carro elétrico. Há uma série de mitos associados que demoram a desaparecer, até porque, na sua maioria, nem são verdadeiros. Por isso, listamos algumas das ideias-feitas sobre este tema e lançamos o desafio: que tal experimentar primeiro?

Por muito que os números o contrariem, o preconceito em relação aos automóveis elétricos ainda vive bem de saúde. Há quem os veja como brinquedos tecnológicos para ambientalistas, outros como um capricho urbano ou uma moda passageira sem alma nem emoção. E há ainda os que os rejeitam com um encolher de ombros, baseando-se em argumentos que atualmente soam cada vez mais… desatualizados.

A verdade é que, se ainda não se rendeu ao mundo elétrico, é bem possível que nunca tenha realmente conduzido um carro elétrico com tempo, atenção e mente aberta. Porque, uma vez ao volante, muitas das ideias pré-concebidas simplesmente não resistem à experiência.

A primeira coisa que se nota num carro elétrico é o silêncio. Não é apenas a ausência do som do motor, mas toda a envolvência: o arranque instantâneo, a suavidade da marcha, a fluidez com que tudo acontece. Para quem associa prazer de condução a roncos metálicos e mudanças manuais, o impacto pode ser desconcertante. Mas não é vazio. É outra linguagem.

Conduzir um elétrico é descobrir uma nova forma de ligação à estrada. Sem mudanças, sem vibrações, com torque instantâneo sempre disponível, as respostas ao acelerador são mais rápidas do que em muitos desportivos com pedigree. Um elétrico bem afinado não é aborrecido. É preciso. Eficiente. Quase telepático.

Mitos sobre carros elétricos que teimam em sobreviver

É aqui que entramos nos preconceitos. A autonomia continua a ser, para muitos, o “calcanhar de Aquiles”. Mas a realidade é que a maioria dos modelos atuais já ultrapassa largamente os 400 km entre cargas, e alguns vão muito além disso. Quantos quilómetros faz realmente por dia? Provavelmente menos de 60, certo?

A seguir vem o argumento do carregamento: “demora demasiado tempo”. E sim, um carregamento completo em casa pode levar horas, ideal para… enquanto se dorme. Já os postos rápidos, cada vez mais comuns, permitem carregar até 80% da bateria em cerca de 20 a 30 minutos. O suficiente para uma pausa para café ou almoço.

O mito da escassez de postos também está a perder força. Em Portugal, a rede pública está em expansão acelerada e as apps facilitam cada vez mais o planeamento das viagens.

Depois há a crítica do “não têm alma”. Porque não fazem barulho, porque não vibram, porque não cheiram a gasolina. Mas quem já conduziu um Porsche Taycan, um Alpine A290 ou um Tesla Model 3 Performance sabe que emoção e silêncio não são incompatíveis. Pelo contrário, a sensação de aceleração contínua, sem interrupções, é viciante.

O lado prático (e económico)

Para além da experiência de condução, há vantagens concretas e palpáveis. Os custos de utilização são geralmente muito mais baixos e carregar um carro em casa pode custar uma fração do que se gasta em combustível. A manutenção também é mais simples, sem óleo, sem filtros, sem correias. Menos peças, menos problemas.

E depois há os incentivos fiscais, os benefícios no IUC, o acesso a zonas de emissões reduzidas e até os lugares de estacionamento gratuitos em algumas cidades. Não é só uma questão de ambiente. É uma escolha racional, inteligente, e cada vez mais vantajosa para quem faz contas.

Uma revolução silenciosa

A resistência aos carros elétricos é natural e faz parte de qualquer mudança de paradigma. Mas muitas das ideias que ainda circulam vêm de um tempo em que os elétricos eram curtos de autonomia, lentos a carregar e escassos na oferta. Esse tempo já passou.

Hoje, há modelos para todos os gostos: citadinos, familiares, utilitários, SUV e até superdesportivos. O desempenho está lá. O conforto também. E o futuro, sejamos sinceros, já nem é amanhã, é hoje.

Se ainda diz que não gosta de carros elétricos, experimente conduzir um com tempo. Faça uma viagem. Peça um test drive sem pressas. Perceba o que mudou. Porque talvez, só talvez, o que não gosta… é da ideia antiga que ainda tem deles. E essa, ao contrário da bateria, já não tem carga.